A Detetive Russa é uma proposta que nos chega pela editora ASA, que nos dá a conhecer a autora Carol Adlam, uma desconhecida para mim, até agora.

Temos aqui uma BS de mistério e suspense ambientada na Rússia do escritor Fiódor Dostoiévski e consiste na resolução de um crime bem ao estilo de Sir Arthur Conan Doyle e o seu espetacular Sherlock Holmes que é o meu detetive favorito.
No entanto, aqui a história fica muito aquém das aventuras de Holmes. Como personagem principal temos Charlie Fox , jornalista que começa então a investigar o aparecimento de uma vítima de um crime, e esta por sua vez trata-se de uma russa chamada Elena Ruslanova. Ruslanova era a filha de um vidraceiro milionário e tudo aparenta ter sido um assassinato.
A história a meu ver não tem um fio condutor muito coerente e prende-se com o desenvolvimento de outras ações que nos trazem certos dados de forma a tornar a trama mais misteriosa, mas que começa a perder mais do que a ganhar e que me fez perder um pouco o interesse na cruzada para descobrir o assassino.
Confesso que gostei bastante do contexto histórico no império Russo e do clima de espionagem frio que este livro requer, só que a autora faz uma série de saltos temporais que me pareceram mais para mostrar a versatilidade da arte – e já falarei mais sobre isso – do que para preencher e dar coerência à intriga. A autora varia o ritmo narrativo da história tantas vezes que me fez perder o rumo. Peca também no desenvolvimento dos personagens , fazendo carecer de uma empatia necessária para o leitor vincular com quem seguimos na história.
O uso de “flashbacks” para emergir mais profundamente no passado e histórico de vida das personagens deixa muito a desejar e fica um sentimento de que certas peças não encaixam no enredo nem na personalidade dos intervenientes.
O ponto alto deste livro é, de longe, o especto visual e a diversidade que a arte nos traz, mostrando, como já referi anteriormente, muita versatilidade no desenho e no estilo gráfico que alterna sem dificuldades nas belíssimas páginas deste livro.
Com imagens mais realistas, outras vezes mais cartunescas, expressionistas ou até experipentalistas, o traço é incrível e muito sedutor. Os tons de azul que remetem ao frio império da União Soviética e ao vulgo crime “noir” do argumento, encaixam como uma luva e dão um élan extremamente agradável à estética da obra.
É uma pena o argumento não fazer justiça ao desenho de Carol Adlam, pois embora a capa escolhida para o livro não seja especialmente bonita, a arte interior demonstra que o desenho e o tratamento de cores é de uma qualidade riquíssima e muito bela.
A conclusão do enredo é pouco satisfatória, ao contrário da narrativa visual e isso deixa demasiado as marcas nesta história. A autora talvez quisesse demonstrar mais a sua perícia no desenho do que a sua capacidade de contar uma história, e isso numa obra de crime e mistério é crucial. Fico no entanto com vontade de ver mais desta autora e que outras obras poderá trazer para o meio.
A edição em capa dura baça é boa, com boa qualidade no papel, boa encadernação e boa impressão para retratar os azuis maravilhosos da paleta utilizada, a capa poderia ser melhor conseguida, pois talento não falta a Adlam e se uma capa vende, esta não me cativa a atenção.
É uma obra interessante e poderá agradar a quem gosta do género, mas fica a ressalva mais uma vez, que um bom desenho por si só não faz um bom livro.
O Carlos gosta tanto de banda desenhada que, se a Marvel, a DC, os mangas, fummeti, comic americano e Franco-Belga fundissem uma religião, ele era o primeiro mártir. Provavelmente morria esmagado por uma pilha de livros do Astérix e novelas gráficas
Dizem que cada um tem um superpoder; o dele é saber distinguir um balão de pensamento de um balão de fala às três da manhã, depois de seis copos de vinho e um debate entre o Alan Moore e o Kentaro Miura num café existencial em Bruxelas onde um brinde traria um eclipse tão negro quanto dramático, mas em que a conta era paga pelo Bruce Wayne enquanto o Tony Stark vai mudar a água às azeitonas.