Cinema: Crítica – M3GAN 2.0
A carismática e perigosa inteligência artificial está de regresso para lidar com uma nova ameaça em M3GAN 2.0.
A aposta em M3GAN em 2023 foi um sucesso tremendo, tendo a boneca assassina tido um pequeno impacto no cinema de género, muito pela mão de Jason Blum e a sua produtora, uma autêntica máquina de filmes de sucesso – até aqueles que não são, acabam por ganhar algum tipo de reconhecimento junto ao público. Era inevitável recebermos uma sequela, deixando no ar como seria o futuro depois dos eventos do primeiro filme. Eis que a reinicialização chega aos cinema com M3GAN 2.0.
Dois anos após o incidente do filme anterior, Cady (Violet McGraw) ainda está a assimilar e continuar a sua vida, enquanto que Gemma (Allison Williams), continua a sua jornada em criar um mundo melhor, junto ao seu parceiro Christian (Aristotle Athari). Mas do outro lado, uma nova inteligência artificial, AMELIA (Ivanna Sakhno), está a causar o caos, e há apenas outra IA capaz de a deter, forçando Gemma a trazer M3GAN de volta, mais forte que nunca.
Se o primeiro filme fora comparado com o terror de Chucky, o Boneco Diabólico, este explora um caminho mais sci-fi e thriller, provando que M3GAN tem mais alcance dentro de si do que poderíamos imaginar. É uma aventura relativamente emocionante, senão até surpreendente, tendo em conta o panorama actual, onde a reciclagem de ideias em cenários novos parece ser a tendência, aproximando-se mais da onda de O Exterminador Implacável 2, do que o tom irónico do primeiro filme.
Ainda que por vezes desequilibrado, M3GAN 2.0 acaba por intrigar em doses curiosas, deixando-nos à espera para ver o quão longe a IA vai, e como ela é confrontada por AMELIA. Esta dualidade tecnológica espelha um pouco a realidade do mundo deste lado da tela, como também todas as preocupações tecnológicas e éticas do uso de inteligência artificial como a conhecemos hoje.
Enquanto que as personagens humanas permanecem elas tão tontas quanto os “sacos de carne” que elas verdadeiramente são, é M3GAN que continua a espalhar charme e carisma pelo filme, no meio deste caos mecânico. Ainda que nunca provoque o espectador, há uma certa apreciação pelas mudanças apresentadas neste segundo filme, com diversos momentos explosivos e de puro entretenimento.
Assim, M3GAN 2.0 é uma sequela que deixa-se levar pela ambiguidade do cinema de género, explorando outras avenidas, sem arriscar em demasia a sua identidade inicial. Apesar de não ser a reviravolta inesperada que claramente deseja ser, contudo, cumpre a jornada do caminho que escolheu e fá-lo com uma abordagem leve e frequentemente cómica. Para onde vai M3GAN agora, não sabemos, mas já se anseia o spin-off SOULM8TE, com estreia prevista no próximo ano.
Nota Final: 7/10
Fã irrepreensível de cinema de todos os géneros, mas sobretudo terror. Também adora queimar borracha em jogos de carros.