Netflix com anúncios personalizados
A Netflix anuncia que, até 2026, começará a integrar anúncios interativos alimentados por inteligência artificial durante as pausas e intervalos nas suas séries e filmes — claro, apenas no plano com publicidade. Parece uma inovação sofisticada, até percebermos que estamos a caminhar alegremente para um modelo onde pagar não garante uma experiência limpa de anúncios publicitários.
A lógica é simples (e brutal): com mais de 94 milhões de utilizadores mensais no plano com anúncios, a Netflix viu ouro onde os consumidores viam apenas uma alternativa mais económica. Mas o que começou como uma escolha acessível está a tornar-se num laboratório publicitário — com a IA a servir conteúdos adaptados ao que se vê, como se isso fosse consolo suficiente para justificar interrupções.
A nova estratégia prevê anúncios que se misturam com o ambiente da série, com botões para “saber mais” quando se pausa um episódio. Tudo em nome da “atenção do consumidor”, como explicou Amy Reinhard, presidente da publicidade da empresa. A questão é: que atenção sobra para o conteúdo?
Nos bastidores deste avanço tecnológico está uma realidade menos glamorosa: os serviços de streaming cobram cada vez mais e oferecem cada vez menos. Catálogos instáveis, títulos que desaparecem sem aviso, conteúdos que surgem com ligeiras alterações e algoritmos que escolhem o que “deves” ver. A certa altura, torna-se inevitável olhar para trás e reconhecer que o futuro nos traiu.
O padrão de ouro continua a ser a versão física. DVDs. BluRays. Coleções que não desaparecem da noite para o dia por ordem de um executivo. Sem anúncios, sem interrupções, sem alterações pós-lançamento. Qualidade pura e intocável, que prevalece e é actualizada em soluções tecnológicas já disponíveis em inúmeros mercados internacionais.
Começou a caminhar nos alicerces de uma sala de cinema, cresceu entre cartazes de filmes e película. E o trabalho no meio audiovisual aconteceu naturalmente, estando presente desde a pré-produção até à exibição.