Jogos: DOOM: The Dark Ages – Análise
DOOM regressa em grande, depois de cinco anos desde do último jogo, levando o jogador numa viagem techno-medieval para causar sangue e dor.
O nome DOOM tem um enorme peso no mundo dos videojogos. Considerado o pai dos FPS (first-person shooters), o mesmo passou por uma evolução tremenda nas últimas três décadas. Com o reboot em 2016, a série ganhou um novo fôlego, com DOOM Eternal a chegar logo no início da pandemia em 2020, uma coincidência que permitiu que milhões de jogadores pudessem dedicar todo o tempo do mundo ao título. Mesmo com o lançamento do DLC The Ancient Gods, dividido em duas partes, esta extensão era tão grande que parecia um segundo jogo completo. Ansiosos por capitalizar no sucesso, DOOM: The Dark Ages leva-nos por um caminho um bocadinho diferente do esperado, deixando a dúvida no ar se algo se perdeu no caminho do Doom Slayer.
Inserido como uma prequela de DOOM (2016) e DOOM Eternal, este Doom Slayer é transportado até ao planeta Argent D’Nur, onde irá combater junto ao povo Argenta, também conhecidos por Sentinals. Defrontando os demónios do inferno, que procuram o Coração de Argent, este terá que utilizar diversas armas e técnicas de combate bruta, e cumprir o seu objectivo.
É através de 22 grandes capítulos onde vestimos a pele deste Doom Slayer, num jogo que mais se inspira no DOOM clássico de 1993, invés do ritmo frenético de Eternal, mantendo-nos, a maioria do tempo, de pés bem assentes no chão. Com o bónus de ter um escudo-serra, esta ferramenta de defesa nova permite-nos desviar os mais variados ataques, que em combinação com as armas – a maioria conhecida pelos jogadores, e algumas novidades interessantes, das quais irei abordar – abre portas para um jogo com uma perspectiva diferente do que alguns poderão esperar da série.
A verdade é que o nosso Doom Slayer é um autêntico tanque, destruindo tudo, passando por onde passar, e as novas mecânicas apoiam esse efeito destrutivo. Considerando o novo e inspirado ambiente techno-medieval, os demónios que o compõem podem ser algo familiares, mas é nas suas novas diferenças que prevalecem ser enormes ameaças.
Do outro lado dos demónios estão as nossas armas. Desde da caçadeira que podemos confiar desde sempre, ao lança-mísseis explosivo, ao poderoso Plasma Cycler, estamos perante o arsenal mais perigoso até à data, com novidades como o Chainshot – uma bola ligada a uma corrente, capaz de causar danos graves – ao Skullcrusher, que nas suas duas variantes, dispara pedaços de ossos aos inimigos a alta velocidade. Isto, aliado a um novo sistema de armas melee, existe uma maior personalização a como queremos enfrentar o mal. Esta personalização estende-se até ao nosso escudo, podendo escolher como o mesmo reage ao desviar-se dos ataques, podendo devolver ondas-choque, mil e uma facas, e outras excelentes ideias.
A isto se juntam alguns momentos diferentes, cortesia do nosso próprio mecha, que nos oferece uma outra dinâmica de combate, e uma destruição ainda maior, como também temos acesso ao nosso próprio dragão, podendo voar via alguns mapas. Esta nova variedade para além do FPS são inseridas em bom tom e oferece-nos outra forma de causar dor e sangue.
Enquanto que o design de mapas de Eternal fora um dos seus pontos mais fortes, a verdade é que The Dark Ages acaba por ficar um pouco mais aquém das expectativas, em comparação. Alguns mapas são agora abertos, permitindo uma exploração livre e uma decisão do jogador a ordem dos objectivos a cumprir, a caça aos colecionáveis tornou-se algo mais desafiador, perdendo no entanto a forma que o ritmo é quebrado, tornando os momentos de violência e exploração um pouco menos equilibrados. No fim, é possível completar o jogo com umas generosas 25 horas de jogo, sobretudo para aqueles que gostam de receber a satisfação de terem cumprido 100% no respectivo capítulo.
Para melhor ou pior, os puzzles estão de volta, e são definitivamente mais interessantes, tendo o jogador procurar certos itens para aceder a algumas áreas, ou utilizar o escudo de forma inteligente, de modo a abrir portas para prosseguir. Nem sempre o objectivo é o mais óbvio, mas nota-se um esforço por parte dos desenvolvedores em tornar a experiência interessante, e contribuir algo para além da oferta de violência constante.
Uma das novidades interessantes é a personalização da dificuldade do jogo, com uma multitude de opções, que vão desde do valor do dano a dar ou receber, à velocidade dos projécteis dos inimigos, podendo tornar a experiência do modo a solo bastante única entre jogadores, que podem ser eles o quão fácil ou difícil querem o jogo. Naturalmente, aqueles que preferem uma abordagem mais tradicional, os sempre desafiantes modos Nightmare, Pandemonium – esta outra novidade – e Ultra-Nightmare continuam presentes, com as suas condicionantes.
É igualmente importante notar a banda-sonora, esta que é a primeira vez que não é da autoria de Mick Gordon, após o compositor e a Bethesda terem ido em caminhos separados. É uma alteração notável, pois a mesma, ainda que competente, não nos agarra do mesmo modo. Estranhamente, por defeito, a banda-sonora é muito baixa, em comparação ao resto do áudio, tendo este que ser definido manualmente.
Com isto, DOOM: The Dark Ages é uma entrada que provoca pelas suas novas diferenças, mas conquista-nos com o caos e a violência, pelos riscos que toma, e por se manter fiel à série, mesmo com todas as novidades. Este será uma entrada que alguns poderão se sentir afastados por elas, mas aqueles que lhe darão a oportunidade, serão recompensados com uma das grandes experiências do ano, armas e escudo nas mãos.
Com um DLC planeado mas ainda não anunciado, se for como The Ancient Gods, esta não será a última vez que iremos ver Doom Slayer a partir tudo e todos no seu caminho.
Nota Final: 8.5/10
DOOM: The Dark Ages está disponível para PC (Steam, Microsoft Store), Xbox Series X|S (versão testada), e Playstation 5.
Fã irrepreensível de cinema de todos os géneros, mas sobretudo terror. Também adora queimar borracha em jogos de carros.