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Cinema: Crítica – Eterno

Em Eterno (que tem como títulos originais For Evigt e Eternal), o realizador dinamarquês Ulaa Salim apresenta um drama de ficção científica ambicioso e intenso, que mistura apocalipse ecológico, linhas temporais alternativas e a fragilidade do amor.

Eterno

Vou já dizer algo sem rodeios: este é um filme arrojado, sincero e ousado na abordagem que adopta. No entanto, senti que a ambição foi bastante superior à capacidade de execução. Acaba por ser um filme perfeitamente imperfeito, mas, neste caso, isso não é necessariamente negativo.

A narrativa segue Elias, um estudante brilhante que se torna capitão de submarino e integra uma missão internacional para selar uma fissura catastrófica no fundo do oceano — um fenómeno provocado pelas alterações climáticas e que ameaça a estabilidade do campo magnético da Terra. Ainda jovem, Elias conhece Anita, uma aspirante a cantora, e os dois apaixonam-se. Contudo, as suas visões divergentes da vida e uma gravidez inesperada acabam por separá-los. Anos mais tarde, durante uma operação submarina de alto risco, Elias começa a ter visões inexplicáveis da vida que poderia ter tido com Anita — visões que o confrontam com o custo emocional da sua dedicação obstinada a salvar o mundo.

Eterno

Dividido em três capítulos (“Forever Young”, “The Nucleus” e “Eternal”), o filme de Salim recorre a uma estrutura típica de blockbuster de ficção científica para explorar temas profundamente humanos, como o arrependimento, as oportunidades perdidas e o confronto existencial. As escolhas estilísticas do filme — sequências futuristas subaquáticas, saltos temporais e montagens oníricas — são evocativas, remetendo para obras como Interstellar e Solaris. Ainda assim, apesar da sua ambição, Eterno tem dificuldades em equilibrar os diferentes tons e ideias que propõe.

Embora as interpretações — sobretudo de Simon Sears e Nanna Øland Fabricius — sejam competentes, o núcleo emocional do filme, por vezes, sente-se diluído por diálogos forçados e pela dramatização repetitiva dos conflitos internos de Elias. A componente científica da ameaça ecológica é superficial e pouco desenvolvida, e os elementos metafísicos permanecem frustrantemente vagos. O filme procura a profundidade, mas corre o risco de resvalar para um sentimentalismo excessivo, sobretudo na secção intermédia, mais lenta.

Eterno

Resta concluir que, mesmo imperfeito, mas genuíno, Eterno é um exemplo marcante da ficção científica escandinava a explorar novos territórios emocionais — ainda que, por vezes, perca o equilíbrio ao longo do caminho.

Nota: 5.5/10

António Moura

Um pequeno ser com grande apetite para cinema, séries e videojogos. Fanboy compulsivo de séries clássicas da Nintendo.

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