Análise: Capital e Ideologia segundo o Livro de Thomas Piketty
De onde vêm as desigualdades e porque perduram? Da escravatura ao hipercapitalismo, como justificam as sociedades humanas os seus regimes económicos e políticos?
Para responder a estas perguntas, Claire Alet no argumento e Benjamin Adam no desenho apresentam uma versão em banda desenhada, acessível a todas e todos, do best-seller de Thomas Piketty Capital e Ideologia (Capital & idéologie, 2022), sob a forma de saga familiar e com edição da chancela Temas e Debates.
Um estudo límpido e com toques de humor para melhor compreender a obra de Thomas Piketty, cujas análises e propostas marcam o pensamento económico de há vinte anos a esta parte.
Pierre, o proprietário rural. Jules, o capitalista. Marguerite, a jornalista. Christine, a professora…
Da Revolução Francesa até aos nossos dias, oito gerações atravessam as épocas para nos fazer viver a evolução das riquezas e dos modelos sociais.
Até Léa, uma jovem contemporânea que vai descobrir o segredo pesado que se encontra na origem do património familiar.
E, então, a pequena história vai unir-se à grande…
Foi com muita curiosidade que abordei esta banda desenhada que nos traz uma versão simplificada do livro “O Capital no SÉC XXI” do economista francês Thomas Piketty onde basicamente demonstra que, nos países desenvolvidos a taxa de acumulação de renda é maior do que as taxas de crescimento económico.
Segundo Piketty, tal tendência é uma ameaça à democracia e deve ser combatida através de impostos sobre as grandes fortunas.
Piketty coloca como solução para as desigualdades sociais nada mais nada menos do que medidas políticas que taxem severamente os mais ricos (assim como o Robin Hood fazia ao xerife de Nottingham).
Assim sendo, os nossos diferentes protagonistas vão passando por diferentes eras, como a revolução francesa e o seu pensamento iluminista acompanhado das desigualdades sociais e uma crise económica que gerou fome e mortes, a Primeira Guerra Mundial, a Grande Depressão, os anos 30 e 40 e a segunda guerra mundial, a queda do muro de Berlim ou mesmo a pandemia da covid-19.
Com um desenho simplista e tons monocromáticos, a história começa com Jules que a 23 de fevereiro de 1901 se contesta contra o imposto sobre os rendimentos dos mais ricos e a partir daí, várias gerações do mesmo personagem vão mostrando a conjuntura mundial consoante o que vai acontecendo no que diz respeito à economia e ideologias políticas e sociais.
O desenho cartunesco de Adam fez por várias vezes lembrar o de Friz Freleng da pantera cor de rosa as não me perguntem porquê, talvez visse o inspector Clouseau nalguns rostos, mas cumpre bem o seu propósito nesta BD.
Com uma linguagem gráfica muito característica simplificada, contendo gráficos e quadros que esclarecem a linguagem técnica destas temáticas, aprende-se bastante sobre estes assuntos e ficamos muito mais conscientes do que este célebre economista escreveu no seu livro “bestseller” fazendo-nos pensar nas suas teorias e chegar às nossas conclusões do que será mais certo ou errado na nossa sociedade e nas suas desigualdade sociais que sempre irão existir.
Interessante…