Stoneshard: não é fácil gostar de jogos difíceis
O Central Comics foi desafiado a experimentar um RPG com fama de durão e não sabia bem no que se estava a meter. Stoneshard não é para meninos — é para gamers da velha guarda!
Jogo: Stoneshard
Disponível para: PC
Plataforma testada: PC
Estúdio: Ink Stains Games
Editora: HypeTrain Digital
Sinopse de Stoneshard
Stoneshard é um RPG implacável em que vivemos a brutal vida de um mercenário. Explora um mundo aberto num reino em guerra, cumpre contratos e desenvolve o teu personagem.
O jogo está a ser desenvolvido pela Ink Stains Games e é publicado pela HypeTrain Digital.
Análise TLDR de Stoneshard
Stoneshard é um RPG que se recusa a dar-nos a mão e que fará tudo para nos oferecer uma boa dose de frustração com o seu nível de dificuldade e violência. Porém, tal como quando prego uma peta à minha namorada ao dizer-lhe que tenho de trabalhar só para não ir jantar com a minha sogra: quanto maior o desafio, maior a recompensa. O estilo deste jogo permitiu-me mergulhar neste mundo brutal e viver com intensidade cada aventura em que embarquei, sempre com um pingo de suor na testa pelo receio de ser massacrado — porém, sempre que completava uma missão com sucesso, a sensação era incrível e logo me apressava para embarcar na próxima aventura.
Este título não é para todos e requer alguma paciência, mas são raros os jogos capazes de proporcionar descargas de dopamina tão satisfatórias.
História de Stoneshard
Um experiente bando de mercenários é massacrado após aceitar uma missão aparentemente fácil de um personagem duvidoso, que envolvia recuperar um misterioso — uma Stoneshard.
Os poucos sobreviventes decidem abandonar o bando e o líder fica por conta própria. Decidido a descobrir que objeto é aquele que lhe custou a sua equipa inteira, o líder recruta ajuda para desvendar o mistério, posto que a idade já não lhe permite partir em aventuras a solo. É aqui que entramos, ao escolher um personagem para começar a explorar um vasto e violento mundo aberto. A partir deste ponto, somos nós que decidimos o caminho a percorrer.
Jogabilidade de Stoneshard
Stoneshard é um RPG clássico e fiel ao seu género: vestimos a pele de um mercenário básico, com poucas competências e equipamento de fraca qualidade, temos de cumprir missões para ganhar experiência e comprar melhor equipamento, e evoluir o suficiente para podermos enfrentar desafios de dificuldade cada vez maior. Contudo, ao contrário da tendência atual, Stoneshard não nos mostra o caminho nem nos protege de inimigos infinitamente superiores. A mensagem no tutorial é bastante clara: neste mundo, tu não és o herói e há muita gente muito mais forte. Como depressa descobri, esta mensagem é 100% verdadeira. Cabe ao jogador avaliar exaustivamente cada situação e avançar com muito cuidado, consoante as possibilidades de cada momento.
O jogo progride por turnos, sendo que praticamente cada ação nossa equivale a um turno nosso. Sempre após jogamos um turno, é a vez do resto do mundo jogar, ou seja, executamos uma ação (seja atacar, mover, mudar de armadura ou arma, lançar um feitiço, etc.), é a vez dos nossos adversários, ou simples NPC, jogarem da mesma forma.
De resto, o jogo segue o formato mais clássico da fórmula RPG e apresenta-nos um mundo repleto de violência e dificuldades. Em Stoneshard, existem inúmeras armas, armaduras e ferramentas à nossa disposição, assim como incontáveis lugares para explorar e uma grande variedade de táticas pelas quais podemos optar.
Gráficos e som de Stoneshard
A arte de Stoneshard agradou-me muito. Não estamos a falar de gráficos de qualidade superior que exigem uma placa gráfica com um preço semelhante a um Lamborghini (ou a uma ida às urgências nos EUA), mas o estilo de animação acompanha na perfeição o ambiente de violência e adversidade da narrativa e do jogo em geral.
Quanto ao som, também cumpre a tarefa de nos ajudar na imersão. Aqui, tenho também de deixar um elogio ao desempenho do elenco de vozes, pese embora tenha apenas tido o prazer de o testemunhas com raridade ao longo da minha experiência.
Postas de pescada e um par de botas
Permitam-me apenas esclarecer que não considero Stoneshard perfeito. Nada disso. Existem, na minha humilde opinião, alguns defeitos com o design do jogo, nomeadamente no que toca a dificultar desnecessariamente a tarefa a jogadores novos. Não me refiro à dificuldade do jogo em si — esse é um aspeto que considero muito positivo e ‘refrescante’ — mas sim à falta de esclarecimento quando ao que se pode fazer e onde se pode fazê-lo.
Ainda assim, ultrapassada a frustração de falhar, até porque sou um fã convicto da máxima «loosing is fun/perder é divertido» (não fosse um dos meus jogos favoritos, se não mesmo o favorito, Rimworld), dei por mim a perder-me nas aventuras deste mundo implacável e a adorar a experiência. Recomendo Stoneshard sem hesitar, embora também recomende esperar por uma promoção acima de 20% para adquirir a um preço próximo do ideal.
+++
Dificuldade, imersão e mundo implacável.
—
Falta de orientação inicial, preço.
Classificação: 7,5/10
Stoneshard é um jogo que faz falta aos gamers da velha guarda ao recusar ser adequado para crianças ou até gamers casuais. À primeira vista, pensei ter levado um doloroso tabefe nas trombas, mas aguentei a dor e a frustração, acabando por me aperceber de que, afinal, era uma agradável lufada de ar fresco no universo dos videojogos.
Stoneshard está disponível no Steam a 24,99 €.
Para terminar, fica a dica indispensável: neste jogo, não és o Rambo. Não chegas a ser sidekick do Rambo. Nem sequer és 1 dos 50 soldados que o Rambo mata de uma vez com um lápis de cera. Neste jogo, somos o piaçaba usado que estava na casa de banho da caserna que o Rambo vaporizou com um míssil disparado da uretra.
Gameplay de Stoneshard:
Trailer de Stoneshard:
Gamer inveterado que não dispensa uma boa série e nunca diz ‘não’ a uma sessão de cinema… Com pipocas, se faz favor!