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Já conheces Popeye: O Marinheiro Assassino?

Grotesco, violento e sanguinário. É dessa forma que podemos descrever o marinheiro Popeye nesta nova visão cinematográfica que, longe de se comportar como o icónico e heróico «Sayler Man» criado por Elzie Crisler Segar em 1929, é o grosseiro e implacável «Slayer Man» que não tem problemas em fazer uso da sua força bruta para matar seja quem for que se atravesse no seu caminho.

Contando com a direção de William Stead, a produção do novo filme cabe a Rene August e o actor escolhido para interpretar este Popeye alternativo é Steven Murphy.

Popeye the Slayer Man

Após passados mais de 90 anos sobre a sua criação, que muitos sabem basear-se na figura real do marinheiro Frank Fiegel (1868 – 1947) que se tornou segurança numa taberna e envolveu-se em muitas lutas físicas, o valentão Popeye de queixo deformado e grossos braços da Banda Desenhada apresenta-se agora, sob uma fórmula de humor negro, como um assassino em série de aparência ainda mais perturbadora que assombra uma antiga fábrica de espinafres (contaminados) próxima de umas docas e está predisposto a torcer pulsos e pescoços, esmagando crânios e perseguindo sem piedade todos aqueles que invadem o seu espaço privado.

Naturalmente que as suas vítimas, tratando-se neste caso de estudantes que procuram fazer um documentário sobre o espaço, são inocentes que não fazem a mínima ideia de quem estão a provocar.

Popeye the Slayer Man

Esta transformação radical da personagem, com um sadismo claro, remete o novo Popeye para uma temática dentro do campo de Terror que já havia sido iniciado com o Ursinho Pooh no filme de Rhys Frake-Waterfield: Winnie-the-Pooh: Blood and Honey (2023.) É claro que esta tendência será para se manter e depressa iremos ver outras personagens outrora tido como heroicas e fofas, presentes em clássicos da BD e da animação, a repetir esta fórmula.

Como, por exemplo, a distorcida visão de um Peter Pan que rapta crianças, Peter Pan’s Neverland Nightmare (2024) dirigido por Scott Jeffrey, a sinistra Pequena Sereia ou The Little Mermayd (2024) de Leigh Scott, além do já prometido Bambi: The Reckoning (a estrear em 2025) e Pinocchio: Unstrung (previsto também para 2025.), ou ainda o muito badalado Mickey’s Mouse Trap (2024), de Jamie Bailey

A este conjunto de visões que descaracteriza tudo aquilo que outrora achávamos saber sobre estas personagens carismáticas, agora sedentas de sangue, podemos antever muitas mais personagens prontas a destronar Jason da série Sexta-Feira 13, Michel Myers de Halloween e outras figuras como Freddy Krueger (Pesadelo em Elm Street) e o boneco Chucky.

Popeye the Slayer Man

É expectável que o filme deste Popeye se vá consolidar como marcante e obrigatório dentro de uma nova geração de filmes prontos a estragar a magia de infância de muitos adultos de hoje, ainda que seja uma personagem bastante antiga. De certa forma, Popeye já não fazia grandes aparições há algum tempo e recuperá-lo parecia ser necessário, ainda que poucos antevissem há poucos anos atrás que seria desta forma. Digno de fazer Elzie Crisler Segar chorar… de horror!

Se outrora víamos o vilão Jason como a alegoria inquietante do psicótico e grosseiro assassino em série que mata tudo e todos, imagem que perdurou durante décadas, parece que Popeye lhe presta homenagem, ameaçando destroná-lo desse pódio renovando o papel do homem fechado e solitário que é simplesmente um pária monstruoso não apenas por um conjunto de deformidades físicas.

Popeye the Slayer Man

«Eu sou o que sou», diz Popeye. É um tanto peculiar que, de momento, tendo em conta tudo o que antes achávamos saber sobre ele até há pouco tempo, parece que não sabemos de todo quem ele é neste filme. Misterioso e brutal, sem sombra de dúvida.

Popeye the Slayer Man

Bruno Lourenço

Fascinado por História da Arte e pelo Universo Criativo da Ficção, é um entusiasta consumidor de Banda Desenhada além de leitor assíduo de obras de Ficção Científica e de Terror, com particular predileção pelo Oculto e o Sobrenatural

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