LEFFEST: destaques da 17ª edição
O programa da nova edição do LEFFEST – Lisboa Film Festival, que este ano decorre apenas em Lisboa, foi anunciado em conferência de imprensa nos Paços do Concelho, pelo director do festival, Paulo Branco, acompanhado na mesa pelo presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas.
O filme de abertura será Pobres Criaturas, de Yorgos Lanthimos, vencedor da Mostra de Veneza. O LEFFEST – Lisboa Film Festival também apresentará, em estreia portuguesa, os filmes vencedores dos festivais de Cannes (Anatomie d’une chute / Anatomy of a Fall, da francesa Justine Triet – o festival mostrará os outros filmes do trajecto da realizadora até chegar à Palma de Ouro), de Locarno (Critical Zone, do iraniano Ali Ahmadzadeh) e San Sebastián (O Corno do Centeio, de Jaione Camborda).
A compe
tição do festival apresenta 10 filmes, que incluem obras de autores consagrados como Víctor Erice, Cerrar los ojos, Cristi Puiu, MMXX, de autores com uma carreira já consolidada, como Cédric Kahn, Le Procès Goldman, ou Radu Jude, Do Not Expect Too Much from the End of the World, a primeiras e segundas obras, como os filmes Los Delincuentes de Rodrigo Moreno e Riddle of Fire, de Weston Razooli, ou as estreias de Creatura, de Elena Martín Gimeno, Grace, de Ilya Povolotsky, e Paradise is Burning, de Mika Gustafson. Ubu, de Paulo Abreu, marcará a presença portuguesa nesta competição, que terá um júri presidido pelo realizador Elia Suleiman, e que contará ainda com a actriz e realizadora Fanny Ardant, o músico e compositor Nitin Sawhney, os escritores Rachel Kushner e Giorgi Gospodinov, o realizador e fotógrafo Khalik Allah, e a artista Adriana Molder.
Na Selecção Oficial Fora de Competição e antestreias, veremos vários dos filmes que vão marcar o ano cinematográfico e as temporadas dos prémios, entre eles, Perfect Days, de Wim Wenders, Evil Does Not Exist, de Ryūsuke Hamaguchi, Priscilla, de Sofia Coppola, Rotter Himmel/Afire, de Christian Petzold, The Old Oak, de Ken Loach, May December, de Todd Haynes, Io Capitano, de Matteo Garrone…
Este ano foi criada uma nova secção competitiva, Descobertas, para primeiras e segundas obras, que disputam o Prémio TAP Revelação.
O LEFFEST presta homenagem a um dos maiores realizadores vivos, Clint Eastwood, mostrando todos os filmes que realizou desde 2008, altura em que a Cinemateca Portuguesa organizou uma retrospectiva, e uma escolha dos filmes anteriores. Foram convidados alguns colaboradores do cineasta e especialistas na sua obra.
O realizador turco Nuri Bilge Ceylan, que tem um novo filme que será apresentado em antestreia no festival, About Dry Grasses, terá uma retrospectiva completa.
O LEFFEST revisita a obra de Pedro Costa, com a exibição pela primeira vez em Portugal da sua curta-metragem estreada na Selecção Oficial de Cannes, As Filhas do Fogo (que será exibido com o último filme de Jean-Luc Godard, também em estreia por cá, Film annonce du film qui n’existira jamais, drôles de guerres, e o Einleitung… de Straub/Huillet, numa sessão em que será lançado o livro de Jacques Rancière, que estará presente, Os Quartos do Cineasta – Pedro Costa, ed. Relógio d’Água), Costa escolheu ainda alguns filmes seus, com destaque para o restauro 4K de Ossos, que acaba de concluir.
Destacam-se ainda o ciclo temático “Cartas dos Antepassados – Suspiros Esquecidos no Ecrã”, comissariado por Alexey Artamonov, Deniz Ruzaev e Inês Branco Lopez; várias sessões especiais, entre elas a estreia do filme Diálogos Depois do Fim, e 13 Episódios da série com o mesmo título, de Tiago Guedes, a partir do livro Diálogos com Leucó, de Cesare Pavese; e os restauros dos filmes de Man Ray (agora com música dos Sqürl, a banda de Jim Jarmusch), de Ozu e Rivette.
O LEFFEST organiza duas exposições: “Éloge de l’image – Le livre d’image, Jean-Luc Godard”, com curadoria Fabrice Aragno, no espaço da Trienal de Arquitectura, no Palácio Sinel de Cordes, e “Walking on Water”, na Galeria IMAGO Lisboa, onde Khalik Allah irá mostrar a sua obra fotográfica pela primeira vez em Portugal.
O “tema” em destaque nesta edição será um programa sobre a Inteligência Artificial e a criação artística, que abrirá com uma conversa com Laurie Anderson, continuará com um concerto de Gidon Kremer e dois músicos com quem tem vindo a colaborar recentemente, debates, com a participação de artistas, filósofos, escritores e cineastas, uma selecção de filmes, (entre os quais Metropolis de Fritz Lang, num filme concerto com o saxofonista Rodrigo Amado, o baterista Gabriel Ferrandini e o contrabaixo Hernâni Faustino) e o concerto “Android Aria – Seeds of Prophecy”, do compositor e pianista japonês Keiichiro Shibuya, que partilha o palco com um Android cantor, construído a partir da Inteligência Artificial.
Centrado em Lisboa, o festival descentra-se dentro da cidade, ocupando vários bairros e diferentes espaços, como afirmou o director do LEFFEST, Paulo Branco: “Quero realçar que este Lisboa Film Festival será verdadeiramente um festival de Lisboa e não somente do centro de Lisboa, e daí a importância para nós podermos contar com o Cine-Teatro Turim (em Benfica), que todos os dias receberá muitos dos eventos aqui apresentados; também a Academia das Ciências de Lisboa, o Palácio Sinel de Cordes da Trienal de Arquitectura, a Galeria Imago Lisboa – estes são espaços que darão uma outra dimensão a este festival , uma dimensão que é absolutamente essencial: estamos atentos a Lisboa no seu conjunto, e não no uso saturado do seu centro.”
A 17.ª edição do Lisboa Film Festival acontece entre 10 e 19 de novembro em seis espaços de Lisboa, entre os quais o Cinema Nimas, o Teatro Tivoli, o Cineteatro Turim e a Academia de Ciências.
Começou a caminhar nos alicerces de uma sala de cinema, cresceu entre cartazes de filmes e película. E o trabalho no meio audiovisual aconteceu naturalmente, estando presente desde a pré-produção até à exibição.
