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Cinema – Crítica: O Mistério da Casa do Relógio (2018)

Estamo-nos a aproximar do mês de outubro, pelo que vão estreando cada vez mais filmes relacionados com o Halloween. O Mistério da Casa do Relógio, uma comédia para toda a família, estreia a 20 de outubro nos cinemas.

O Mistério do Relógio na Parede
Jack Black & Cate Blanchett

Magia “Potteresca” com toda a sua componente de aprendizagem e personalização, uma “família” peculiar, uma casa assombrada e todo e qualquer macabro que Eli Roth (Realizador de Cabin Fever, Hostel 1 e 2 e Death Wish) conseguiu esconder neste filme que é,  para todos os efeitos, a historia dum miúdo que quase destrói o mundo só para fazer amigos… quem nunca.

Baseado no livro do mesmo nome, o primeiro de 12, a história mantém-se consistente, salvo algumas diferenças inofensivas e, no final de contas irrelevantes. A adaptação torna-se então numa espécie de “história paralela” com o mesmo final e o mesmo início, mas apimentada de diferenças… portanto, uma adaptação.

O Mistério do Relógio na Parede

Em O Mistério da Casa do Relógio, Lewis Barnavelt (Owen Vaccaro), um rapaz recém-orfão, é convidado a ir viver com o seu tio Jonathan (Jack Black) numa horripilante casa assombrada. Rapidamente, Lewis descobre a magia do local, bem como a vocação do seu tio e da simpática Senhora Zimmerman (Cate Blanchett): a bruxaria. A sua paixão pela aprendizagem torna Lewis num aspirante a bruxo, estudando as artes mágicas durante a noite e sobrevivendo à escola durante o dia.

Eventualmente, conhecemos um colega de Lewis, o Tarby (Sunny Suljic), eu não gosto do Tarby. A meu ver o Tarby é pior que lixo e estragou tudo… por outro lado é através de Tarby que a história avança e que o conflito é apressado, aumentando a gravidade e a tensão. Quem diz através diz “por ele ser um ser humano horrível”, não gosto do Tarby. Diatribes sobre abéculas pré-puberes à parte, chegamos ao molho do filme: o acidental ritual necromantico, patente pendente.

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Ao início da sua instrução com Johnatan, é imposta a Lewis uma única regra: não abrir o claramente malvado armário no interior do qual estará tudo de mal ou minimamente “não-bom”, e é de notar que este armário é sempre visto como a coisa mais malévola dentro da casa assombrada, casa assombrada com uma divisória cheia de marionetas e autómatos assustadores com f maiúsculo, casa assombrada melindrada pelo tique-toque dum relógio que prepara o fim do mundo.
Escusado será dizer que, a pedido do espetacular Tarby, Lewis abre o armário, tira de dentro um livro e faz o acidental ritual necromantico™.

Com o acidental ritual necromantico™ Lewis desperta a primeira diferença entre o filme e o livro e desencadeia o efetivo fim do mundo, e deixo por aqui o resumo da narrativa, não querendo estragar o filme aos interessados.

O Mistério do Relógio na Parede

Pela longa fora vamos aprendendo mais sobre Lewis, a sua paixão pelo indominável “Capitão Meia-Noite” o herói dos anos 40, o seu amor aos estudos e o seu talismã: uma “Magic 8-Ball” que lhe fora oferecida pelos Pais antes do acidente de viação. No entanto é só após o acidental ritual necromantico™ que começamos a descobrir o passado de todas as outras personagens: Johnatan aprendeu e apresentou magia em tournée com o malévolo e falecido ex-dono da casa Isaac Izard (Kyle MacLachlan), mas nunca foi particularmente bom; Florence Zimmerman, embora bastante qualificada nas artes mágicas, tem dificuldade em conjurar feitiços devido a um trauma; Izard voltou da guerra diabólico e dedicou desde então o seu tempo à destruição da terra, clássico.

O Mistério da Casa do Relógio é um exercício estranho… Temos uma equipa talentosa numa produção um tanto pequena, baseada numa história com 45 anos que nunca foi especialmente importante para o público geral e que veio a perder a pouca relevância que tinha, numa mistura de fantasia com algumas instâncias de terror bem executado.

O Mistério do Relógio na Parede

Eu chamo estranho porque não encontro um público alvo abrangente o suficiente… Os fãs da magia e fantasia vão olhar para o segundo Monstros Fantásticos em vez desta “adaptação sem nome”, os fãs de terror vão ignorar pelo tom “kid-friendly” e pelas poucas instâncias em que o género se manifesta, os fãs do livro vão encolher os ombros, muito como se fez com a Bússola Dourada e outras tantas tentativas de lançar franquias adaptadas de literatura juvenil, deixando apenas o star-power de Black e Blanchett, bem como a assinatura da Amblin.

Talvez seja mais um caso de “funcionava melhor se fosse uma série de netflix”, uma teoria provada pelas “Desgraças” de Snicket cujo tom acaba por ser mórbido o suficiente para justificar a comparação. Sim, pensando melhor acredito que o público jovem-adulto consumidor de séries via melhor este filme em 6 episódios de 40 minutos, talvez com um “build up” maior e mais casos de feitiçaria, mas a vida escolar de Lewis já é entediante que baste em meia hora de filme, quanto mais hora e meia de série…

O Mistério do Relógio na Parede

Ainda hei de descobrir se será herdado do livro, do filme ou de algo ou alguém pelo meio, mas O Mistério da Casa do Relógio tem um tom muito próprio. Infelizmente esse tom é contornado por um par de sequências menos divertidas e um sempre presente sentimento de “já vi isto” ou “este fez melhor”.

Ao fim de contas não traz nada de novo, mas revive a história de 1973 e pelo caminho leva-nos a um mundo um pouco maior por um par de horas. Vem principalmente recomendado aos fãs do Livro, de Black ou de Blanchett.

  • O Mistério da Casa do Relógio estreia a 20 setembro 2018 nos cinemas

6/10

-Henrique V.Correia

2 thoughts on “Cinema – Crítica: O Mistério da Casa do Relógio (2018)

  1. Em primeiro lugar, este filme foi lançado em Portugal com o título “O Mistério da Casa do Relógio”, não “O Mistério do Relógio na Parede”. Só este pormenor mostra incompetência. Em segundo lugar, o tom de graçola estragou a crítica. E por último mas não menos importante, um filme realizado por Eli Roth, produzido pela produtora de Steven Spielberg e escrito por Eric Kripke (apenas o criador do fenómeno de longevidade televisivo “Sobrenatural”) é mais do que suficiente para cativar qualquer fã de terror – aliás, qualquer fã de cinema.

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