Cinema- Crítica: Morbius
Michael Morbius(Jared Leto) é um talentoso cientista. Após uma vida inteira a lutar com uma doença que o deixa fragilizado, ele é reconhecido mundialmente como um génio da medicina.
Em busca de uma cura para a sua doença e do seu melhor amigo Milo(Matt Smith), Morbius desenvolve um soro que lhe mudaria a vida. Após a sua metamorfose, Morbius está curado mas desenvolve as capacidades de um morcego e uma enorme sede de sangue humano.
Cabe-lhe lidar com todas as mudanças que agora enfrenta, bem como todos os males que podem nascer da sua descoberta.
Dizer que Morbius é um filme mau, embora factualmente correto, não corresponde de todo com o meu dever como crítico de cinema. A verdade é que é nosso dever não só fundamentar as nossas opiniões, mas também fazer uma avaliação objetiva.
E Morbius é objetivamente mau, mas subjetivamente interessante. Vamos por partes.
O Argumento é amador. Se existisse um “guião modelo” a circular a internet, coisa de 5 ou 10 euros que viesse com um pdf da história de origem de um super-herói, um ficheiro onde só coubesse ao comprador mudar os nomes das personagens, dava nisto.
Alias, as únicas personagens minimamente tridimensionais são o próprio Morbius (ai de nós se não fosse) e, eventualmente, o vilão. Tudo o resto são manequins, servem para encher o filme: Um interesse romântico, dois pseudo antagonistas que só estão lá para chatear, mais uma data de capangas para encher de porrada e uma ou outra inocente criatura para nos fazer pensar “Ohhhh, afinal ele até é bonzinho!” (por vezes usam o interesse romântico para isto).
A fotografia é como uma loot box num videojogo: Uma vez por outra sai algo giríssimo e cheio de pinta, mas a maioria das vezes é entulho, para não dizer lixo.
Temos planos e até uma sequência inteira (sim, eu sei, eu já explico), que são genuinamente geniais, mas tudo o resto cai algures entre o “ok” e o “vou jogar sudoku no telemóvel para dar algo que fazer aos meus olhos.”
Sinto que o público pelo mundo fora já foi transparente e barulhento que chegue, sinto que isto já transcende o inaceitável. Nós gostamos de conseguir VER os filmes. Entre Shaky cam e iluminação quase inexistente, enaltecidos pelos efeitos especiais inacabados, sequências que tentam causar imersão e investimento acabam a causar só sono e aborrecimento.
Mas sim, houve uma sequência boa no filme. Logo na primeira meia hora um dos manequins morre, vítima de uma cena de genuíno suspense e terror. Cena essa que está nos trailers, óbvio, tinha que haver alguma que efetivamente aparecesse no produto final, não é?
Esta sequência deixou um sabor agridoce. No seu ponto-alto o filme mostra-nos o que podia ter sido, e depois oferece-nos a pangaiada do costume só que menos divertida.
Os louros, por fim, vão para o Jared Leto que faz um trabalho decente, e para o efeito de metamorfose do seu personagem que está sempre bem conseguido, mas o filme em si é insosso e o seu ponto-forte é ser curto.
As cenas pós-créditos não valem a pena, só confundem mais a história ao tentar ligar este filme com outros maiores e melhores.
Eu resumi assim em tom jocoso com os meus amigos e colegas da redação, mas cada vez mais sinto que é a melhor descrição para este filme: “É como o Venom, só que sem graça.”
Ao menos é tecnicamente um filme, parabéns!
3/10
Jovem dos 7 ofícios com uma paixão enorme por tudo o que lhe ocupe tempo.
Jedi aos fins-de-semana!