Cinema: Crítica – Dália e o Livro Mágico
Dália e o Livro Mágico é um filme que procura despertar nos mais novos o gosto pela leitura e pela escrita, mas poderá também evocar outras emoções nos adultos.
Quando surgiu a oportunidade de ver Dália e o Livro Mágico, fui sem qualquer expectativa. Não vi nada: nem imagens promocionais, nem sinopses, nem trailer. Absolutamente nada. Qual não é o meu espanto quando descubro, já na sala de cinema, que se trata de uma produção conjunta de vários países da América Latina (Argentina, Brasil, Colômbia, Equador e Peru), juntamente com a nossa vizinha Espanha. Além disso, os créditos sugerem que parte do filme foi animada em Unreal Engine, algo que fará sentido mais à frente no que tenho para dizer.
Passando à história, seguimos Dália (que, na versão dobrada em português, recebe a voz de Madalena Almeida), filha de um escritor falecido recentemente, o que lhe causou um bloqueio criativo em relação à escrita. No entanto, após uma sucessão de aventuras, acaba por entrar na história que o pai estava a escrever e viver peripécias com o Bode, personagem que criara com o pai em vida, e outros “antagonistas”, como a Loba (interpretada por Luísa Sobral, num papel duplo).
Se, por um lado, a história pode parecer simples e servir, sobretudo, para incentivar à leitura e à escrita, por outro, esconde um subtexto bastante importante: a perda de um ente querido. A história de Dália é, na verdade, uma jornada para tentar superar a morte do pai, o que confere ao filme uma profundidade inesperada.
No entanto, não posso dizer o mesmo em relação à animação. Lembram-se de ter mencionado o Unreal Engine? Pois bem, a sua presença nota-se bastante. Existem momentos em que as personagens saltam ou executam movimentos que não parecem naturais para os padrões atuais da animação 3D. Não quero com isto dizer que a animação é completamente má – há planos bem conseguidos –, mas, na sua maioria, pode causar estranheza aos espectadores mais atentos.
Quanto à dobragem, parece-me a forma ideal de ver o filme. É daqueles casos em que sentimos que a versão dobrada em português encaixa perfeitamente, tornando a experiência mais envolvente para os mais pequenos.
Em suma, Dália e o Livro Mágico é um filme encantador que as crianças irão adorar pela animação e que poderá cativar os mais velhos pela sua narrativa dupla – isto, claro, se conseguirem ignorar algumas fragilidades da animação.
Nota: 6/10
Dália e o Livro Mágico foi exibido na 25ª edição do Monstra – Festival de Animação de Lisboa e é lançado a 1 de maio nos cinemas portugueses
Um pequeno ser com grande apetite para cinema, séries e videojogos. Fanboy compulsivo de séries clássicas da Nintendo.