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Cinema: Crítica – Better Man

As biopics de artistas musicais continuam na berra, após os inúmeros sucessos de Bohemian Rhapsody, Rocketman, Elvis, e muitos, muitos outros; que retratam a vida, ou pelo menos parte dela, de um modo algo intimista, com o espectador a testemunhar a grandeza dos artistas. Mas onde os 99% representam as versões mais jovens dos músicas com actores escolhidos a dedo, eis que chega o 1%, com Better Man, a biopic realizada por Michael Gracey, sobre o britânico Robbie Williams, onde este é retratado em forma de um… chimpanzé?

Desde novo que Williams tinha um interesse nas artes performativas, e a sua ambição levou-lhe na aventura louca que é a sua vida, crescendo e passando por várias fases, desde da sua inclusão e expulsão dos Take That, à sua relação com Nicole Appleton, passando por lidar com os demónios alimentados pelos seu síndrome de impostor, drogas e álcool, sem nunca esquecer as memoráveis actuações em Knebworth, considerado na altura o maior evento de sempre no Reino Unido.

Tudo isto, e muito mais está incluído neste pacote de greatest hits da vida de Robbie Williams, sempre com doses equilibradas de humor e música, contextualizado alguns dos temas do artista por outros focos. Ainda que o seu DNA seja principalmente musical – não tivesse o filme o mesmo realizador de O Grande Showman – este não se assume inteiramente como um, optando antes por intercalar os seus momentos musicais com momentos muito pessoais, oferecendo outra visão sobre Williams e a sua carreira.

É este balanço onde o filme é capaz de ganhar mais sobre outros dentro do género, pintando de uma forma muito íntima a imagem de Robbie Williams, distinguindo como o mundo o vê, e ele como vê o mundo. Como esperado, alguns dos momentos mais controversos da vida real não poderiam ser tão afincadamente retratados, mas que Williams narra quase sempre de forma hilariante.

Ainda que a panóplia de eventos faça a duração do filme arrastar-se por vezes, este é num todo um retrato de um homem que foi contra tudo aquilo que a sociedade achou que ele ia ser, e acabou por se tornar num dos grande artistas do século XXI. Uma biopic assim só poderá ter um efeito catártico, sobretudo quando é o próprio artista a interpretar a sua versão no grande ecrã, ao ser a voz de um chimpazé virtual, que ao inicio estranha-se mas que rapidamente se entranha.

Assim, Better Man é sem dúvida um dos filmes mais entusiasmantes, que com certeza terá uma legião de fãs absolutos e poderá-se tornar num filme de culto e certamente merece o seu lugar.

Nota Final: 8/10

Ricardo Du Toit

Fã irrepreensível de cinema de todos os géneros, mas sobretudo terror. Também adora queimar borracha em jogos de carros.

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