Cinema: Análise – O Boneco de Neve (2017)
Baseado na obra literária homónima de Joe Nesbo, publicada em 2007, “O Boneco de Neve” tem como objetivo ser um thriller repleto de suspense, onde o protagonista, Michael Fassbender no papel de Harry Hole, procura encontrar o culpado de uma série de homicídios na Noruega, onde o assassino deixa sempre a marca de um boneco de neve no local do crime.
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Ao que parece, o mestre do cinema Martin Scorsese chegou a estar associado ao projeto, mas acabou por se afastar, ficando Tomas Alfredson com a sua função. Tanto quanto foi possível perceber, Scorsese entendeu que não seria possível conseguir transmitir a profundidade de relações e identidades presentes nas 600 páginas da obra literária em duas horas (1h59) de filme. E não é à toa que se considera Scorsese um mestre. De facto, Alfredson não é capaz de levar o seu filme a bom porto e, pelas várias opiniões expressas pelos leitores e conhecedores do autor Nesbo, fica muito, muito aquém do potencial deste thriller e de todas as personagens.
Um dos maiores pontos positivos do filme são as suas imagens paisagísticas, a beleza natural da Noruega é uma presença constante, com o branco da neve e longas extensões de floresta isolada de qualquer civilização. É, infelizmente, o único elogio que se pode fazer à obra visual de Alfredson. De resto, o ritmo do filme prolonga-se sem nunca atingir o seu auge, as personagens parecem indefinidas e mal aproveitadas e o desfecho do enredo roça, em momentos, o ridículo e risível. Basta estar um pouco atento para, por processo de eliminação, identificar o assassino pouco após a metade do filme, apesar de não podermos não querer acreditar nisso. Ao contrário da obra em que se baseia, não há qualquer plot twist, não se faz sentir a ambição do protagonista e há várias camadas de enredo que parecem vir e desaparecer sem qualquer motivo ou explicação.
A personagem de Fassbender faz lembrar o degenerado que representou em Shame (2011), onde era também alguém que vivia afastado da família e que procurava não ter relações próximas, mas em “O Boneco de Neve” parece desistir da personagem e não nos oferece um tipo de representação a que estamos habituados. O resto do elenco, apesar de fortíssimo, contando com nomes como Rebecca Ferguson, J. K. Simmons, Chlöe Sevigny e Val Kilmer fica a dever possivelmente à edição um melhor resultado.
Enfim, para concluir, “O Boneco de Neve” é um daqueles exemplos infelizes em que o trailer promete, mas o filme deixa muito a desejar. Com tanto potencial para ser um dos melhores do ano, parece que a possibilidade de sequela no final acabará por não dar em nada.
Classificação final: 5/10