Jogos: Mandragora: Whispers of the Witch Tree – Análise
Mandragora: Whispers of the Witch Tree não revoluciona o seu género, mas oferece uma experiência sólida e atmosférica que agradará a quem valoriza a exploração e o combate.
Jogo: Mandragora: Whispers of the Witch Tree
Disponível para: PC (Steam, Epic Games, GOG), PlayStation 5, Xbox Series
Versão testada: PlayStation 5
Desenvolvedor: Primal Game Studio
Editora: Knights Peak
Um dos maiores destaques do jogo é o seu design de mundo atmosférico. Desde florestas envoltas em nevoeiro até ruínas góticas em decadência, Mandragora brilha ao envolver o jogador num ambiente sombrio e detalhado. A direção artística — em particular, os retratos pintados das personagens e os cenários intrincados — proporciona um espetáculo visual que enriquece até os momentos mais rotineiros de exploração. Caminhos secretos e áreas escondidas, com elementos inspirados nos Metroidvania, recompensam os jogadores mais curiosos com descobertas e melhorias.
A sonoplastia complementa de forma eficaz essa atmosfera, com uma banda sonora discreta mas evocativa, que acentua tanto a solidão como a tensão dos ambientes. Efeitos sonoros subtilmente colocados — como o estalar de galhos ao longe ou o som abafado de criaturas nas sombras — ajudam a manter o jogador imerso e em alerta constante.
O combate é outro ponto forte. Inspirado na exigência dos jogos Soulslike, Mandragora oferece flexibilidade através de uma personalização profunda. Os jogadores podem moldar as suas personagens escolhendo entre várias classes e árvores de habilidades, permitindo abordagens estratégicas diversas. O sistema de progressão incentiva a experimentação e adapta-se bem a estilos de jogo diferentes, desde abordagens mais defensivas até ofensivas agressivas baseadas em magia ou armas de longo alcance. Quando tudo funciona bem, o combate é fluido e recompensador — embora não esteja isento de falhas.
Contudo, nem todas as mecânicas são igualmente bem afinadas. A deteção de colisões, por exemplo, nem sempre é precisa, levando a momentos de frustração em lutas mais apertadas. Há também alguma inconsistência na resposta dos controlos, sobretudo em secções mais técnicas ou com múltiplos inimigos, onde a precisão é crucial.
Infelizmente, o elo mais fraco do jogo é a forma como apresenta a narrativa. Apesar de rica em lore, a história é fragmentada e exige atenção redobrada por parte do jogador. Muitos elementos narrativos são comunicados de forma indireta, através de descrições de objetos, fragmentos de diário ou interações esparsas com NPCs. Quem procura uma narrativa clara e emocionalmente envolvente poderá sentir-se desapontado. A ausência de momentos de clímax ou viragens narrativas impactantes reduz o envolvimento emocional e torna difícil criar uma ligação profunda com as personagens. Da mesma forma, certos encontros de combate — especialmente contra inimigos repetidos — podem tornar-se monótonos.
Problemas técnicos pontuais, como controlos algo rígidos e falhas no cancelamento de animações, também prejudicam a experiência, sobretudo em combates mais exigentes. Embora a dificuldade seja, na maior parte do tempo, equilibrada, alguns picos nas fases finais podem tornar-se frustrantes. A falta de um sistema de salvamento mais flexível também pode aumentar a frustração, obrigando o jogador a repetir longos trechos após falhas pontuais.
Por outro lado, a longevidade do jogo é respeitável, com conteúdo adicional opcional que recompensa a exploração fora do caminho principal. Há bosses opcionais, segredos bem escondidos e desafios que só os mais persistentes conseguirão superar. Este conteúdo extra contribui para a sensação de um mundo vivo e interligado, que existe para além da linha narrativa principal.
Ainda assim, para os fãs de RPGs atmosféricos, com exploração detalhada e combate personalizável, Mandragora: Whispers of the Witch Tree oferece uma viagem cativante — ainda que com imperfeições. Pode não atingir os patamares narrativos dos seus pares, mas o seu mundo e mecânicas são suficientes para manter os jogadores enraizados na sua terra encantada e retorcida.
Resta concluir que Mandragora: Whispers of the Witch Tree é um RPG de ação belo e sombrio, que recompensa a paciência e a curiosidade — mesmo que a história e a fluidez técnica fiquem um pouco aquém. É uma experiência que merece ser descoberta por quem aprecia jogos com identidade estética forte e mecânicas que, apesar das arestas, revelam potencial e paixão por parte dos seus criadores.
Nota: 7,5/10
Um pequeno ser com grande apetite para cinema, séries e videojogos. Fanboy compulsivo de séries clássicas da Nintendo.