A Quiet Place: The Road Ahead – Sons Mortais
A Quiet Place: The Road Ahead é uma abordagem fresca ao terror de sobrevivência e uma lição de como adaptar outras medias aos videojogos.
Jogo: A Quiet Place: The Road Ahead
Disponível para: PC, PlayStation 5, Xbox Series
Plataforma testada: PlayStation 5
Estúdio: Stormind Games
Editora: Saber Interactive
Adaptar A Quiet Place para um videojogo é, em teoria, uma ideia brilhante. O filme de terror de 2018 apresentou-nos um mundo onde o silêncio não era apenas precioso — era essencial para sobreviver. Com A Quiet Place: The Road Ahead, os jogadores são lançados num ambiente tenso onde cada passo, cada respiração e cada movimento podem significar vida ou morte.
The Road Ahead não recapitula a história original da família Abbott, mas expande o universo com uma narrativa nova. Situado no mesmo mundo aterrorizante infestado por criaturas sensíveis ao som, o jogo coloca-nos na pele de Alex Taylor, uma jovem estudante, que precisa de aprender as regras deste novo mundo para sobreviver.
À medida que exploramos, o design do mundo capta habilmente as paisagens desoladas e a beleza sombria de um campo devastado. A natureza começou a reclamar o seu espaço, e embora as florestas serenas e as cidades abandonadas pudessem normalmente transmitir tranquilidade, aqui estão carregadas de ansiedade, graças à presença ameaçadora das criaturas. O ambiente é simultaneamente vasto e claustrofóbico, deixando-nos sempre conscientes de que qualquer ruído pode significar a nossa sentença de morte.
A jogabilidade de The Road Ahead gira em torno de uma mecânica central: o silêncio. É semelhante a jogos de furtividade, mas com um toque especial: os riscos são imensamente maiores. A utilização do som como tanto uma ameaça como uma ferramenta é fenomenal. Cada ação — desde caminhar sobre pisos rangentes até deixar cair objetos — deve ser cuidadosamente calculada. Mesmo um pequeno deslize pode alertar uma criatura, desencadeando uma perseguição angustiante que normalmente resulta numa morte inevitável.
O jogo utiliza um medidor de ruído intuitivo que representa visualmente o nível de som produzido, o que aumenta bastante a imersão. Os jogadores provavelmente apanham-se a sussurrar para si mesmos e a conter a respiração enquanto avançam no jogo. A inteligência artificial das criaturas é altamente reativa; estes monstros são verdadeiramente perigosos, e cada encontro parece uma luta genuína pela sobrevivência.
Num jogo onde o som é central para a jogabilidade, o design de áudio tem de ser impecável — e The Road Ahead cumpre esse requisito. Cada som parece cuidadosamente trabalhado, desde o suave farfalhar das folhas até ao ranger de uma porta a abrir-se. O silêncio no jogo torna-se ensurdecedor e, quando o som aparece, é poderoso o suficiente para provocar reações físicas no jogador. Os grunhidos das criaturas e os sons ambientes nos momentos mais tensos são tão importantes quanto qualquer elemento visual, manipulando as emoções do jogador com uma precisão surpreendente.
A história desenrola-se gradualmente, através de conversas, entradas em diários e elementos visuais no ambiente, incentivando os jogadores a explorar cada recanto do mundo do jogo. Há altos emocionais e momentos devastadores, e o jogo não tem medo de fazer o jogador sentir o verdadeiro peso da sobrevivência. The Road Ahead é uma evolução natural da história de A Quiet Place — onde sobreviver não é apenas evitar a morte, mas encontrar propósito e conexão num mundo aparentemente sem esperança.
Para concluir, A Quiet Place: The Road Ahead destaca-se ao não tentar ser um jogo de terror típico. Oferece uma abordagem fresca e ponderada ao género de horror de sobrevivência, aproveitando o som como uma mecânica única e mortal.
Nota: 8/10
Um pequeno ser com grande apetite para cinema, séries e videojogos. Fanboy compulsivo de séries clássicas da Nintendo.