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Análise BD: Michel Vaillant – Corridas Lendárias 1 – No Inferno de Indianápolis

Tal como acontece numa fábrica de automóveis, com constantes apresentações de novos modelos, também a Editora Graton não pára de lançar novas referências do universo Vaillant. Leiam aqui a análise ao livro Michel Vaillant – Corridas Lendárias 1 – No inferno de Indianápolis.

Naquilo que cada vez mais parece uma autêntica linha de montagem, a Editora Graton e restantes empresas associadas vão continuando a procurar a máxima faturação. Depois da série original, da nova série, da série Julie Wood, das séries de televisão e dos filmes, dos desenhos animados, das miniaturas, dos quadros, da roupa, do calçado e acessórios, o novo filão são as variadas séries de álbuns, de alguma forma ligadas à série base.

E provavelmente durante uma reunião para novas ideias, alguém se lembrou da forma como Jean Graton criou a história “Suspense em Indianápolis”, em 1964.

Na verdade, na impossibilidade de se deslocar aos Estados Unidos, Jean Graton solicitou a Bill France, fundador e presidente da NASCAR (a mais poderosa organização de corridas automóveis dos E.U.A.) documentação para criar uma história que teria por cenário as corridas de automóveis americanas e, em especial, as 500 Milhas de Indianápolis. France respondeu-lhe pessoalmente, enviando um enorme dossier de documentação não só sobre as provas, mas também sobre os pilotos, as pistas, os locais e até os eventos que se realizavam em simultâneo. Foi com base nesse dossier que o referido álbum foi totalmente escrito e desenhado.

Mais de 50 anos depois e usando o mesmo princípio, Denis Lapière e Vincent Dutreuil pegaram nas fotos de uma das mais confusas edições das 500 Milhas de Indianápolis, a de 1966, infiltraram os nossos heróis nessa prova e criaram uma nova coleção.

Uma nova coleção baseada em corridas marcantes

A ideia central da coleção é apresentar Vaillant e companhia em provas ou situações que marcaram ou marcam o desporto automóvel. Para tal, procura-se ser o mais fiel possível aos eventos escolhidos, apenas fazendo as necessárias adaptações para a inclusão dos heróis de papel.

Neste primeiro volume, foi escolhida a prova das 500 Milhas de Indianápolis de 1966, prova que ficou na memória pelo seu início turbulento e pela discussão em torno de quem foi realmente o vencedor. A quantidade de carros que desistiram ao longo da prova fez com que apenas sete carros a tenham terminado, naquele que foi o mais pequeno número de finalistas de sempre.

Todos estes assuntos são referidos no decorrer do livro, em interligação com uma história banal e pouco credível de uma rapariga que consegue entrar na equipa duma forma ridícula, em contraste com os álbuns da série principal que se desenvolvem nesta mesma época. Um argumento com uma boa base, mas muito mal desenvolvido, que tentou misturar uma prova automobilística real, com violência doméstica, espionagem e manipulação de resultados, duma forma totalmente falhada. Também Michel Vaillant parece completamente esquecido do seu reencontro com Françoise, por quem se apaixonou e inclusive fez uma cena de ciúmes nesta mesma época. Talvez não fosse má ideia os autores relerem os álbuns da série base…

Tentativa de imitar o estilo de Graton

Graficamente, Dutreuil tentou que o desenho estivesse perto dos volumes iniciais de Jean Graton, o que não foi totalmente conseguido, em especial no desenho das viaturas em que Graton era perfecionista e aqui por vezes os carros são quase uma caricatura. Também as fisionomias dos vários intervenientes por vezes mudam de página para página. Para além disso, muitas das vinhetas são autênticos decalques de fotos da época, algo que o criador da série não fazia, tentando sempre modificar um pouco o cenário ou o enquadramento.

Aparentemente esta série terá tido alguma aceitação, pois entretanto já foram lançados mais dois volumes, um sobre o Grande Prémio do Mónaco de Fórmula 1 de 1971 e outro sobre a fatídica temporada da Fórmula 1 de 1970, livros que certamente chegarão também a Portugal. Um quarto volume sobre as 24 Horas de Le Mans de 1967 e o célebre duelo Ford-Ferrari vai ser lançado em França no próximo dia 6 de Junho, uma semana antes da corrida deste ano, com sucesso quase garantido. Todos os álbuns têm a autoria da mesma dupla.

Como curiosidade, refira-se a homenagem que surge na vinheta esquerda do fundo da página Nº 63, onde estão representados Jean, Francine e Philippe Graton. Também por entre os vários espectadores ao longo do livro, podemos encontrar os dois autores, e outras pessoas ligadas a esta obra.

Um livro que se lê aos repelões, pois a colagem das duas histórias não é a melhor, apenas sendo interessante por ter um fundo de verdade na parte desportiva retratada.

Livro em capa dura com boa encadernação, com páginas em papel brilhante de boa qualidade e com boa impressão. Preço comum dos livros da série.

Tempo de leitura:

  • No Inferno de Indianápolis – aproximadamente 30 minutos

Após a leitura deste álbum, fico com um sentimento misto sobre este livro e esta coleção. Por um lado parece-me apenas uma forma de vender mais livros a colecionadores do universo Vaillant e a adeptos de automobilismo. Por outro lado, pode ser uma forma de entrada na franquia e de conquistar novos leitores ao utilizar factos reais de eventos ou corridas que foram marcantes numa determinada época. O problema mais grave desta série é que a bem da verdade histórica, a equipa Vaillant nunca irá ganhar nenhuma destas corridas… Aguardemos pelos próximos volume

Michel Vaillant - No Inferno de Indianápolis (Corridas Lendárias 1)

Denis Lapière e Vicent Dutreuil
Editora: Edições ASA

Livro em capa dura com 64 páginas a cores nas dimensões de 24 x 32 cm
PVP: 17,50 €

Se não está a ler ou não tem um livro na mão… By Jove, algo se passa!!!

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