Vem aí a 29ª edição do Festival Caminhos do Cinema Português
A 29ª edição do Festival Caminhos do Cinema Português traz uma programação eclética, que mergulha em vidas aparentemente particulares e ausculta as dificuldades geracionais através de um cinema que olha para o passado com ânsia de futuro.
No dia 10 novembro, pelas 21:30, o TAGV recebe a Sessão de Abertura que conta com a projeção de “Figueira da Foz, Rainha das Praias Portuguesas” (Manuel Santos, 1930), “Colheita da Batata” (Adriano Coelho, 1930), Imagens de Portugal 23 (Vários Realizadores, 1954) “Vinho do Porto” (Adriano Ramos Pinto, 1937) e “S. Miguel, 1924 – Um Filme De Família” (Charles Mallet, 1924), quatro filmes representativos da cultura popular portuguesa, acompanhados e reinterpretados por Ana Lua Caiano.
No TAGV são projectadas as Seleções Caminhos e Ensaios. Na primeira, destacam-se a primeira ficção de Leonor Teles “Baan” – presente no último Festival de Locarno e Melhor Filme no Festival de Reykjavik – mergulhamos no mundo da chegada à adolescência n“A Primeira Idade” de Alexander David, e em “Vadio” de Simão Cayatte, encontramo-nos com as dificuldades laborais em “Great Yarmouth – Provisional Figures” de Marco Martins e no “O Bêbado” de André Marques. Exploramos as representações da mulher em “Rosinha e Outros Bichos do Mato” de Marta Pessoa, sem esquecer Pessoa em “Não Sou Nada” de Edgar Pêra.
Sob outra perspetiva, na Seleção Ensaios encontram-se produções provenientes do universo académico, colocando-se lado a lado a produção nacional e internacional. Destaque para a participação de filmes de instituições locais: “Berço” de Carolina Costa, e “Mãos de Fado” de Alejandro Oropeza, Ana Rita Damasceno, Carolina Mendes, João Tomás Santos, Pedro Fernandes, bem como “Eschaton Ad” de Andrea Gatopoulos, presente no Festival de Locarno, e “Daydreaming So Vividly About Our Spanish Holidays” de Christian Avilés, que passou pela última edição da Berlinale.
A Casa do Cinema de Coimbra, recebe os “Outros Olhares” onde se revisita Fernando Pessoa no estudo do único registo cinematográfico do poeta em “Onde está o Pessoa?” de Leonor Areal, pensa-se o espectador em “Uma História do Espectador de Cinema” de José Filipe Costa, conhece-se a história da Orquestra Gulbenkian em “Soma das Partes” de Edgar Ferreira e, ainda no mundo da música, entra-se no universo de Rui Reininho n”A Viagem do Rei” de João Pedro Moreira.
Nas Mostras Paralelas surgem várias sugestões que permitem olhar para “Filmes do Mundo”, para a Formação de Públicos: Caminhos Juniores e “O Poder das Representações”, o Turno da Noite, bem como a possibilidade dos espectadores de Mealhada e Penacova, assistirem a alguns dos filmes em competição.
Nos Filmes do Mundo, em exibição entre 13 e 17 de novembro, pelas 15h00, destacam-se as longas “Mountain Onion” de Eldar Shibanov, uma das selecionadas no Festival de Veneza, e “Love Dogs” de Bianca Lucas, estreado no Festival de Locarno.
Nos dias 16 e 17 novembro, às 23h59, o Turno da Noite apresenta uma sessão de curtas-metragens de terror, com “Paralisia” de Inês Monteiro e “Monsieur Sachet” de Mathieu Girard e, uma segunda, que explora a expressão sexual, com “Catboy” de Xaho e “New Kings on the Block” de Erika Lust.
Durante as manhãs, a mesma sala recebe grupos escolares nos Caminhos Juniores, as sessões de cinema de animação dedicadas aos mais novos.
O ciclo “O Poder das Representações”, em parceria com o Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, inicia-se, no dia 13 novembro às 16h00, com uma mesa redonda em torno do tema “Imaginários da Violência Sexual” com Sofia José Santos (CES/FEUC), Júlia Garraio (CES), Rita Alcaire (CES) e João R. Pais (CCP). Até 17 novembro, são exibidos, no Auditório Salgado Zenha, filmes que abordam a violência sexual de diferentes prismas, entre eles, “Sopa Fria” de Marta Monteiro, “No Canto Rosa” de Claudia Rita Oliveira, “Céu Aberto, ou Espaço Limitado” de José António Loureiro e “Mentes que sentem” de Ricardo Pinto Reis e Dânia Viana.
O regresso das atividades formativas é uma das prioridades desta XXIX edição, apresentando-se quatro masterclasses dadas por profissionais da área do cinema. Na Casa do Cinema de Coimbra, Miguel Dores apresenta “Revisitar Alcindo – concorrências entre processos fílmicos e processos sociais” (10 nov, 15:00), Leonor Areal “Dar forma à matéria, no documentário” (11 nov, 15:00), e Nádia Henriques fala-nos d“A escuta como método de criação”. No dia 15 novembro, pelas 14:30, o Cine-Teatro Messias recebe Nuno Beato para abordar “O processo criativo no filme ‘Os Demónios do Meu Avô’”. Explorando este contacto entre espectadores e criadores, nos dias 15 e 16 de Novembro é promovida a 2.ª edição do Programa Incentivar que procura descobrir novas ideias para novos filmes a produzir na região centro.
O Festival encerra no dia 18 novembro, na Antiga Igreja do Convento de São Francisco, com a entrega de prémios e a atuação de Hélder Bruno em cine-concerto com a curta-metragem “Outubro Acabou”, de Karen Akerman e Miguel Seabra Lopes.
No total, são exibidos 156 filmes (80 sessões e cerca de 87 horas de programação), selecionados entre mais de 700 candidatos.
Começou a caminhar nos alicerces de uma sala de cinema, cresceu entre cartazes de filmes e película. E o trabalho no meio audiovisual aconteceu naturalmente, estando presente desde a pré-produção até à exibição.