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Preparem os olhos: vem aí a revolução 8K

Num momento em que o mercado ainda se habitua à resolução 4K, a Warner Bros. antecipa o futuro e aposta forte na era do 8K, digitalizando títulos icónicos e prometendo experiências visuais sem precedentes.

Barbie
Barbie

A indústria audiovisual está a atravessar um novo ponto de viragem. Com a chegada massificada de filmes em 4K a plataformas de streaming, Video-On-Demand e Blu-Ray, a Warner Bros. anunciou um passo ousado: mais de 20 filmes já foram digitalizados em 8K, alguns a partir de negativos originais em 70mm. A novidade foi revelada durante o evento NAB 2025 (National Association of Broadcasters), dando um novo impulso a um mercado que até agora sofria com a escassez de conteúdos nativos nesta resolução ultra-alta.

Apesar do elevado custo das televisões 8K e da quase ausência de conteúdos que justifiquem o investimento, este movimento da Warner Bros. poderá ser decisivo para reanimar o setor. O estúdio, que já tinha colaborado com a Samsung na apresentação de trailers em 8K de títulos como Creed III, Barbie, Blue Beetle, Dune: Parte Dois, Wonka e Aquaman e o Reino Perdido, não revelou ainda os títulos remasterizados, mas confirmou que está a usar o scanner Lasergraphics Director — com suporte até 13.5K — para tratar negativos de filmes emblemáticos.

digitaliza filmes de 35 mm com resolução nativa de 8K. Para isso, utiliza-se o scanner de filmes OXScan, da Digital Film Technology GmbH, em Darmstadt, com o qual filmes de 65 mm e 70 mm também podem ser transferidos para o mundo digital.
Digitalização da Digital Film Technology GmbH, com o qual filmes de 35 mm, 65 mm e 70 mm também podem ser transferidos para o mundo digital.

Um novo ecossistema para uma nova resolução

A transição para o 8K traz consigo novos desafios logísticos e tecnológicos. Não existe, por enquanto, uma evolução física do Blu-Ray que suporte 8K, e os serviços de streaming atuais comprimem os dados, comprometendo a qualidade — algo que frustra os consumidores que investem em ecrãs topo de gama. A alternativa poderá vir de plataformas como a Kaleidescape, que disponibilizam filmes com qualidade comparável ao melhor Blu-Ray 4K, e que agora se juntam à 8K Association para “moldar o futuro do cinema doméstico premium”.

Enquanto isso, fabricantes de câmaras como a Blackmagic Design, Sony e AstroDesign também revelaram novos modelos com sensores nativos 8K, prontos para captar imagens com detalhe e profundidade sem precedentes. O destaque foi para a nova Blackmagic Pyxis, que herda o sensor 12K da URSA e pode gravar em 8K até 112fps, além da Apple Vision Pro, que já está a receber conteúdos nativos em 3D 8K.

Dune Duna: Parte Dois
Dune Duna: Parte Dois

A reinvenção de um clássico: O Feiticeiro de Oz como nunca se viu

Mas a cereja no topo do bolo chega com uma experiência verdadeiramente disruptiva: O Feiticeiro de Oz, o clássico de 1939, será reimaginado com recurso a inteligência artificial e exibido no Sphere, em Las Vegas — o maior ecrã LED do mundo, com 160 mil metros quadrados e 17 600 lugares.

Este Verão, O Feiticeiro de Oz regressa — não em Kansas, mas no coração digital de Las Vegas, projetado em 8K com o toque mágico da inteligência artificial.

Esta versão do filme será lançada a 28 de agosto, fruto de uma colaboração entre a Warner Bros., a Google e a equipa técnica do Sphere. O projeto, alimentado pelo modelo de IA generativa Gemini da Google, recria mais de 90% do filme, adaptando-o para o formato imersivo da esfera. Entre as proezas tecnológicas estão a expansão digital de cenários, a recriação de personagens e até a combinação de atores em cenas onde originalmente nunca apareceram juntos.

O uso da IA neste contexto é inovador, mas também polémico. Apesar de permitir uma adaptação sem precedentes, há quem tema pela integridade artística e ética desta tecnologia no cinema. Ainda assim, os responsáveis asseguram que cada decisão criativa foi supervisionada por realizadores humanos, garantindo um equilíbrio entre inovação e respeito pelo original.

Com a aposta no 8K e no uso de inteligência artificial para reinventar obras clássicas, a Warner Bros. está claramente a posicionar-se como líder na próxima fase da evolução cinematográfica. Para os entusiastas da alta definição, o futuro poderá estar a apenas alguns pixels de distância — e promete ser mais nítido, vibrante e envolvente do que nunca.

O Feiticeiro de Oz
O Feiticeiro de Oz

 

Um clássico português como nunca viu: Balas & Bolinhos

Para assinalar os 25 anos de Balas & Bolinhos, um dos maiores fenómenos do cinema de culto português, o filme original está a ser remasterizado em 4K, oferecendo aos fãs uma nova forma de reviver as aventuras do Tone, Rato e companhia com uma qualidade de imagem nunca antes vista e com uma original reforma sonora.
Esta celebração marca não só o impacto duradouro da comédia no imaginário nacional, como também o esforço em preservar e elevar obras icónicas através das mais recentes tecnologias de imagem. A nova versão promete dar uma nova vida ao clássico, agora com mais detalhe, cor e definição — pronta para conquistar uma nova geração de espectadores.

Balas & Bolinhos 4K
A digitalização de “Balas & Bolinhos”

 

4K ou 8K

A resolução 4K refere-se a uma imagem com aproximadamente 4.000 pixels de largura (geralmente 3840×2160), oferecendo quatro vezes mais detalhe do que o Full HD. Já a resolução 8K duplica esse valor para cerca de 8.000 pixels (7680×4320), totalizando mais de 33 milhões de pixels — o que proporciona uma nitidez extrema, mesmo em ecrãs de grandes dimensões, com detalhes visuais quase indistinguíveis do mundo real.

8K resolução
Comparativo de Resoluções

 

Ricardo Lopes

Começou a caminhar nos alicerces de uma sala de cinema, cresceu entre cartazes de filmes e película. E o trabalho no meio audiovisual aconteceu naturalmente, estando presente desde a pré-produção até à exibição.

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