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Maluda: telefilme em estreia na RTP2

Nasceu na índia, mas foi em Moçambique e em Paris que passou a adolescência e os tempos de escola. Maluda chegou à cinzenta Lisboa e causou furor com a sua pintura geométrica e os seus retratos. O talento único chamou a atenção das principais famílias do país, que a colocou junto dos centros de decisão. Apaixonou-se por uma actriz 10 anos mais jovem, mas manteve a relação em segredo durante a ditadura, sob pena de perder certos privilégios e o acesso a certos meios. Porém, o 25 de Abril não lhe trouxe liberdade, condenando o amor à manutenção das aparências. A rutura amorosa, profundamente dolorosa, levou-a ao Brasil onde encontrou alguns dos seus principais clientes fugidos ao PREC. Como paliativo para o sofrimento amoroso, começou a trabalhar com empresas e a ganhar muito dinheiro. Foi neste contexto que aceitou o desafio dos CTT de criar alguns dos selos da coleção de filatelia da empresa. Ainda assim, a vida burguesa, os reposteiros e os móveis de antiquário com que engalanou a sua casa, não lhe permitem esquecer o amor preterido até ao final da vida.

A ação do telefilme Maluda passa-se em duas décadas. Anos 70 e finais dos anos 80, tendo a sua casa em Lisboa como ponto central. Maluda desenvolve-se em torno de uma entrevista concedida a uma jornalista, onde a pintora discorre sobre a sua vida e obra, levando-nos a conhecer várias situações passadas, ilustrando assim melhor a sua personalidade.
O pretexto para esta conversa são os selos que desenhou para os CTT e que acabariam por conquistar o Prémio Mundial para o Melhor Selo (1987 e 1989).


O elenco é composto por Margarida Moreira (Maluda), Filipa Louceiro (Ana), Ana Zanatti (entrevistadora), Dinarte Branco (Marcelo Caetano), Carlota Crespo (Ana Maria Caetano) Pedro Lamares (Vítor Domingos), Eduardo Breda (Zé Maria). O argumento é da autoria de Filipa Martins.

One thought on “Maluda: telefilme em estreia na RTP2

  1. Foi agradável de se ver… Como pintor que vou tentando ser, descobri facilmente que nesta área – que poderia ser a mais importante do filme, já que de uma biografia de pintora se tratava – aconteceram alguns aspectos técnicos pouco cuidados. Ou seja, a haver um consultor artístico para o filme, ele devia de andar muito distraído já que a determinada altura, Maluda usa um lápis de grafite/a que nos anos 70 ainda não tinha sido criado. Além disso, a maneira como a Autora segura a sua paleta, de uma forma completamente primária, deixa muito a desejar, bem como a forma em que a disposição das cores se encontram. Tendo ela o sucesso e a procura que teve, tenho sérias dúvidas em crer que ela usasse as cores de uma forma perfeitamente desordenada (o que é pouco compatível com a sua “arte linear” ou a “geometria das formas” que exige e que nos impõem rigor) ou que desconhecesse a forma profissional como se segura numa paleta. É certo que hoje em dia já vale tudo e qualquer um pode ser pintor e, para tanto, basta ir à loja do chinês mais próximo, comprar os materiais e pintar o “seu” quadro da maneira que melhor entender. No entanto, na altura as coisas eram um pouco diferentes e, nomeadamente um pintor, era educado e respeitava a sua arte e futura profissão. Quanto ao tamanho da referida paleta, também acredito que fica aquém do que seria previsível de uma Autora com a procura e o sucesso que alcançou na sua vida. Enfim, biografias credíveis resultam de muito trabalho e pesquisa… e, por falta de dinheiro, de competência ou tempo nem sempre isso acontece, infelizmente.

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