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Jogos: World of Goo 2 – Análise

Dezasseis anos após o lançamento do título original, World of Goo 2 marca o regresso surpreendente de um clássico indie que, apesar do longo hiato, mantém intacta a sua identidade criativa — ao mesmo tempo que introduz novas camadas mecânicas e conceptuais. O duo criativo por trás do jogo, 2D Boy e The Tomorrow Corporation, opta por não reinventar a fórmula, mas antes por expandi-la com engenho e irreverência.

World of Goo 2

Jogo: World of Goo 2
Disponível para: Nintendo Switch, PC, PlayStation 5
Versão testada: PC
Desenvolvedor: 2D BOY, Tomorrow Corporation
Editora: 2D BOY, Tomorrow Corporation

World of Goo 2

A estrutura central mantém-se inalterada: os jogadores continuam a guiar pequenas bolas de goo através de níveis que exigem construção, equilíbrio e experimentação física. A proposta mantém-se deliberadamente absurda, mas é precisamente essa combinação de física realista com lógica caricatural que sustenta o apelo da série. Tal como no original, a física comportamental das diferentes massas — com peso, tensão e gravidade a ditar o sucesso estrutural — continua a ser o eixo da jogabilidade.

A sequela não se limita, contudo, a replicar a experiência de 2008. Introduz um “goo-verso” alargado, com novos tipos de goo que desafiam e subvertem expectativas. Destacam-se o goo líquido, que se comporta com uma fluidez mais caótica e menos previsível, e os novos elementos como o goo branco (que absorve e transporta líquidos), o rosa (que incha de forma instável) e o roxo (que encolhe ao contacto com fluídos). Estas novas mecânicas abrem espaço para uma resolução de puzzles mais dinâmica, mas também elevam a complexidade a um ponto que, por vezes, roça o frustrante — particularmente em níveis com restrições temporais apertadas.

World of Goo 2

Do ponto de vista tonal e narrativo, World of Goo 2 mantém o seu humor surreal e uma crítica ambiental e económica latente, agora direccionada para temas como o eco-capitalismo e o consumismo tecnológico. A escrita dos sinais, presente em quase todos os níveis, continua a ser uma das marcas distintivas do jogo, embora nem todas as piadas atinjam o mesmo grau de eficácia ou subtileza.

Visualmente, o jogo opta por uma continuidade estética, mantendo o design minimalista, a paleta contrastante e a animação fluida que definiram o primeiro título. No entanto, algumas opções de fundo interferem com a legibilidade da interface e prejudicam a clareza de elementos interactivos — um deslize técnico que se torna mais visível em níveis de maior densidade visual. A ausência de um sistema de desfazer mais responsivo agrava esta limitação, testando a tolerância até dos jogadores mais pacientes.

World of Goo 2

Apesar das pequenas falhas, World of Goo 2 é uma sequela digna, que se recusa a ceder ao facilitismo ou à redundância. Celebra o legado do original com convicção, mas mostra-se suficientemente ambiciosa na introdução de novas ideias e desafios. Não é uma revolução do género, mas sim uma iteração cuidadosa e espirituosa — o que, neste caso, é mais do que suficiente.

Nota: 7,5/10

António Moura

Um pequeno ser com grande apetite para cinema, séries e videojogos. Fanboy compulsivo de séries clássicas da Nintendo.

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