Jogos: Undivine – Análise
Undivine é um metroidvania sombrio e minimalista que coloca os jogadores na pele de um Viajante sem nome, teletransportado para uma aldeia amaldiçoada situada junto a um abismo misterioso.
Jogo: Undivine
Disponível para: PC, Nintendo Switch, PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series
Versão testada: Nintendo Switch
Desenvolvedor: Wendeoo
Editora: Brainium Games LLC
A narrativa inclina-se para a abstração, privilegiando o tom e a atmosfera em detrimento do detalhe. Embora o estilo de escrita seja notoriamente mais literário do que é habitual no género, as personagens carecem de identidades marcantes e o desenvolvimento do mundo permanece superficial. O resultado é um pano de fundo evocativo, mas com pouca substância.
Onde Undivine realmente brilha é na sua abordagem à exploração. Ecoando os clássicos do género, o jogo oferece pouca orientação, recompensando os jogadores que se dedicam a explorar o ambiente em profundidade. A progressão pelos níveis é orgânica — cada nova habilidade adquirida permite aceder, de forma lógica, a áreas anteriormente inacessíveis. Apesar da identidade visual contida e da repetição de elementos de cenário, o mapa mantém coesão e variedade graças ao design dos inimigos e à colocação criteriosa dos perigos.
O combate é funcional, mas pouco refinado. Os ataques básicos corpo-a-corpo e à distância são complementados por um sistema de recursos associado a habilidades mágicas. Contudo, o comportamento dos inimigos é simplista, e os confrontos carecem de profundidade devido à ausência de mecânicas de esquiva ou defesa. As lutas contra bosses procuram introduzir variedade, mas raramente atingem uma complexidade envolvente.
O design sonoro é inconsistente. Apesar de a banda sonora impressionar inicialmente com o seu tom dramático e cinematográfico, a sua estrutura entra em conflito com os ciclos tradicionais de jogo. Composições longas e em crescendo são abruptamente reiniciadas, o que quebra a imersão e conduz a um certo cansaço auditivo ao longo do tempo.
Visualmente, Undivine aposta num estilo de pixel art minimalista que serve bem o seu tom, mas raramente cativa. A interface e as animações são funcionais, embora pouco memoráveis. A viagem rápida é limitada, e o mapa oferece pouca granularidade, o que por vezes obriga à utilização de ferramentas externas — como capturas de ecrã — para assinalar locais importantes.
Ainda assim, os sistemas de progressão estão bem equilibrados. As melhorias de atributos e os colecionáveis têm impacto devido à baixa escala numérica das estatísticas do personagem. Isto confere um sentimento de recompensa à exploração e incentiva um envolvimento mais profundo com o mundo.
Undivine está longe de ser perfeito, mas a sua estrutura coesa, exploração gratificante e sensibilidades retro fazem dele uma adição competente ao género metroidvania. Para os fãs de design à moda antiga e construção de mundos atmosférica, é uma experiência modesta, mas que vale a pena.
Nota: 5/10
Um pequeno ser com grande apetite para cinema, séries e videojogos. Fanboy compulsivo de séries clássicas da Nintendo.