Jogos: The Zebra-Man! – Análise
The Zebra-Man! é um jogo estranho, mas que, ao mesmo tempo, pode ser divertido – desde que se tenha a mente aberta.
Jogo: The Zebra-Man!
Disponível para: PC
Versão testada: PC
Desenvolvedor: Zerouno Games, Thunder Zebra
Editora: Zerouno Games
Tentar encaixar The Zebra-Man! num único género, estilo ou até experiência coerente é um exercício de futilidade. É, ao mesmo tempo, uma homenagem a Hotline Miami, um filme de terror pulp de baixo orçamento, um jogo com uma narrativa meta que quebra a quarta parede e um repositório de memes da internet. O resultado? Um delírio caótico que tanto pode confundir como entreter.
Desde o primeiro momento, The Zebra-Man! exibe as suas influências sem vergonha. O jogo começa como um clone de Hotline Miami a preto e branco, com combates frenéticos em perspetiva aérea – exceto pelo facto de haver apenas uma arma e um excesso de ruído visual. Depois, faz uma curva brusca quando, no segundo nível, passamos a controlar uma criança faladora que segue uma rotina matinal banal, apenas para ser raptada por gangsters de língua espanhola e salva por um andróide que, de alguma forma, recebe várias cantadas no curto tempo em que aparece no ecrã. E isto é apenas o início da loucura.
A narrativa – se é que se pode chamar assim – afunda-se ainda mais no absurdo. O Zebra-Man passa de assassino misterioso a peão numa metanarrativa onde uma personagem chamada The Raccoon tenta libertar-se do guião do jogo. Há mudanças súbitas de perspetiva, momentos em que o jogo se desmorona e uma confusão de enredos que parecem não levar a lado nenhum. O humor é igualmente desconcertante, misturando piadas juvenis de casa de banho com uma irreverência de internet já algo datada – pensem num cruzamento entre o 4chan dos anos 2000 e Hotline Miami. Preparem-se para momentos constrangedores em que personagens quase dizem a N-word, detetives homofóbicos e efeitos sonoros de memes retirados diretamente de LEGO Star Wars e Crash Bandicoot.
Apesar da sua incoerência narrativa, The Zebra-Man! não é propriamente mau. Também não é exatamente bom. É apenas… o quê?! Com cerca de uma hora e meia de duração, trata-se de uma experiência curta e desconcertante que dá prioridade ao choque e ao absurdo, em detrimento de uma narrativa significativa ou jogabilidade refinada. Se procuram um jogo que faça sentido, passem longe. Mas, se estiverem com vontade de algo completamente inexplicável, The Zebra-Man! pode ser a viagem bizarra que nunca souberam que queriam.
Nota: 7.5/10
Um pequeno ser com grande apetite para cinema, séries e videojogos. Fanboy compulsivo de séries clássicas da Nintendo.