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Jogos: Spirit of the North 2 – Análise

Spirit of the North 2 é um conto de poesia visual sobre a solidão, num mundo aberto sem bússola.

Spirit of the North 2

Jogo: Spirit of the North 2
Disponível para: PlayStation 5, PC, Xbox Series
Versão testada: PlayStation 5
Desenvolvedor: Infuse Studio
Editora: Silver Lining Interactive

Spirit of the North 2

Nesta sequela do título da Infuse Studio, não só se mantém a alma contemplativa do primeiro jogo como se amplia, oferecendo um mundo vasto, belíssimo e repleto de segredos — e também de silêncios. Com claras influências das obras de Fumito Ueda (Shadow of the Colossus, The Last Guardian), o jogo aposta novamente numa narrativa minimalista, onde a ausência de diálogos se torna uma ferramenta para criar uma ligação emocional.

Na pele de uma raposa espiritual acompanhada por um corvo místico, o jogador embarca numa jornada para restaurar uma terra devastada pelo xamã Grimnir, libertando Guardiões corrompidos. Mas não esperes tutoriais, setas ou NPCs. Aqui, o caminho desdobra-se conforme o instinto e a curiosidade do jogador. O mundo é o teu guia — e também o teu desafio.

Spirit of the North 2

A estrutura aberta do jogo funciona como um convite à exploração orgânica. Biomas variados, de florestas densas a cavernas geladas, vão-se revelando com o tempo, acompanhados por mudanças dinâmicas no clima e por uma banda sonora atmosférica que equilibra calmaria e tensão. A sensação de solidão é constante, mas nunca opressiva; há sempre algo subtil à espera de ser descoberto, como obeliscos, relíquias ou as histórias de tribos extintas contadas através de pergaminhos.

Os puzzles, um dos pontos fortes do jogo, surgem de forma natural, muitas vezes exigindo o regresso a áreas já visitadas com novas habilidades — numa leve abordagem metroidvania. A ausência de combates tradicionais também surpreende pela positiva: os encontros com Guardiões trocam a violência pela resolução de enigmas, reforçando a proposta contemplativa.

Ainda que a transição para um mundo aberto traga novidades bem-vindas, alguns tropeços mecânicos persistem. O sistema de salto, por exemplo, continua impreciso e pode frustrar em desafios simples de plataforma. Existem também zonas excessivamente vazias no mapa, o que pode comprometer o ritmo para os jogadores menos pacientes.

Spirit of the North 2

Apesar desses pormenores, Spirit of the North 2 entrega uma experiência comovente, visualmente marcante e emocionalmente ressonante. Uma obra que aposta na introspecção, na liberdade e no silêncio — e acerta em cheio ao transformar tudo isso em poesia interativa.

Nota: 7,5/10

António Moura

Um pequeno ser com grande apetite para cinema, séries e videojogos. Fanboy compulsivo de séries clássicas da Nintendo.

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