Jogos: Painkiller – Análise
Painkiller regressa após 20 anos com um ousado reboot cooperativo, rápido, brutal e barulhento, mas será que ainda conserva a alma “old-school”?

Jogo: Painkiller
Disponível para: PC, PlayStation 5, Xbox Series
Versão testada: PlayStation 5
Desenvolvedora: Anshar Studios
Editora: Saber Interactive, 3D Realms

Já lá vão mais de duas décadas desde que Painkiller espalhou mortos-vivos por catedrais góticas. Na altura, a People Can Fly entregou uma obra-prima do caos dos “boomer shooters”, ação pura, sem filtros. Agora, a Anshar Studios assume o comando com um reboot completo que troca a carnificina solitária por tiroteios cooperativos no Purgatório. O resultado? Rápido, furioso, ocasionalmente divertido… mas também um pouco perdido.
Agora jogamos como uma de quatro almas condenadas, contratadas pelo Criador para uma limpeza cósmica. A história, uma telenovela angelical sobre Azazel e os seus filhos Nephilim, mal se aguenta, contada sobretudo através de piadas secas e de um tom “à Marvel” algo confuso. Linhas como “Call me daddy!” podem arrancar uma gargalhada, mas não pelas melhores razões. A mitologia que tornava o original intrigante? Desapareceu por completo.
Mas quando chega a hora de puxar o gatilho, Painkiller ainda arrasa. O arsenal de seis armas é poderoso e deliciosamente tátil, lançadores de estacas, lâminas rotativas e metralhadoras elétricas que reduzem demónios a pó. O combate é extremamente rápido, com uma movimentação que lembra Unreal Tournament com cafeína a mais. No entanto, o sistema de melhorias de armas, bloqueado atrás de uma “moeda de almas”, torna a experimentação limitada, e o design dos níveis resume-se a arenas lineares com objetivos repetitivos.
O modo cooperativo é claramente o coração deste reboot. Em grupos de três, o caos funciona; a solo, tropeça. Os bots até disparam bem, mas não cumprem objetivos, e o progresso offline não sincroniza com o online — uma escolha de design absurda em pleno 2025.
Tecnicamente, o jogo é sólido: visuais polidos, controlos responsivos e um dos melhores feedbacks hápticos na PS5. No entanto, o mundo é visualmente insípido, a banda sonora soa derivada, e alguns bugs ocasionais podem arruinar por completo o ritmo.
Painkiller (2025) é uma ressurreição divertida, mas irregular, um tiroteio espetacular preso dentro de uma concha sem alma. O espírito está lá, algures, mas o charme não conseguiu sair do purgatório.
Nota: 5,5/10
Um pequeno ser com grande apetite para cinema, séries e videojogos. Fanboy compulsivo de séries clássicas da Nintendo.



