Jogos: Ninja Gaiden Ragebound – Análise
Ninja Gaiden: Ragebound é uma tentativa de recuperar o espírito de um mundo ninja outra esquecido e deixado nas nossas memórias mais nostálgicas.
Jogo: Ninja Gaiden: Ragebound
Disponível para: PC, Nintendo Switch, PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series
Versão testada: Nintendo Switch
Desenvolvedora: The Game Kitchen
Editora: Dotemu
Desenvolvido pela The Game Kitchen, responsável por Blasphemous, algo que salta imediatamente à vista é a inspiração na era da NES e da SNES — sobretudo porque se trata de um jogo que exibe com orgulho o seu coração retro, ao mesmo tempo que entrelaça refinamentos modernos para manter a experiência fresca e emocionante. O resultado é um dos títulos Ninja Gaiden mais memoráveis dos últimos anos.
A história decorre durante os eventos do Ninja Gaiden original, embora siga uma narrativa paralela e alternativa. Os jogadores acompanham Kenji Mozu, um jovem aprendiz do Clã Hayabusa, e Kumori, uma kunoichi do Clã da Aranha Negra, enquanto tentam travar uma invasão demoníaca. A meio da aventura, as suas almas fundem-se — uma reviravolta ousada que traz variedade criativa à jogabilidade. Embora o enredo seja disperso e por vezes exagerado, nunca é aborrecido, oferecendo momentos cativantes e cameos de Ryu Hayabusa e do Clã da Aranha. Mais importante ainda, a química entre Kenji e Kumori parece genuína, divertida e humana, provavelmente mais envolvente do que a da maioria das personagens principais dos títulos anteriores de Ninja Gaiden. Infelizmente, a ausência de vozes prejudica o impacto narrativo, deixando alguns momentos mais planos do que deveriam.
A jogabilidade, no entanto, é onde Ragebound realmente brilha. Kenji especializa-se no combate rápido com katana, enquanto Kumori luta com kunai à distância, e ambos partilham um arsenal fluido de esquivas, investidas e ataques combinados. Novas mecânicas acrescentam profundidade sem complicar demasiado a fórmula: o efeito Hypercharge recompensa quem assume riscos; o Guillotine Boost permite uma travessia aérea elegante; e as Ragebound Arts oferecem finalizações devastadoras e personalizáveis. Os Altares Demoníacos impõem desafios específicos a cada personagem, dando a Kumori segmentos a solo cronometrados que testam precisão e resistência. Já os combates contra bosses exigem domínio de todas as mecânicas, equilibrando de forma justa o punitivo com o desafiante.
Visualmente, o jogo recria uma atmosfera do Japão feudal com pixel art polida e um filtro CRT opcional para os puristas. As animações são fluidas, embora por vezes os perigos se confundam com o cenário, levando a erros injustos. A banda sonora é uma joia energética de inspiração retro que alimenta o ritmo implacável do jogo, acompanhada por efeitos sonoros nítidos.
Com cerca de seis a oito horas, a campanha é mais curta do que os fãs poderão esperar, mas Ragebound compensa com grande rejogabilidade através de colecionáveis, classificações de pontuação e desbloqueáveis. Alguns níveis arrastam-se devido a perigos repetitivos e Kumori poderia ter tido mais fases dedicadas, mas estes são detalhes menores num conjunto globalmente sólido.
Ninja Gaiden: Ragebound não é apenas uma viagem nostálgica: é um regresso triunfante, brutal mas justo, estiloso mas cheio de alma. Para os fãs de longa data, é um retorno digno de celebração; para os novos jogadores, é uma das portas de entrada mais acessíveis que a série já teve.
Nota: 8/10
Um pequeno ser com grande apetite para cinema, séries e videojogos. Fanboy compulsivo de séries clássicas da Nintendo.






