Jogos: Lucky Hunter – Análise
Lucky Hunter combina auto-battlers com roguelites de construção de baralhos numa aventura viciante, embora irregular, entre sorte e estratégia.
Jogo: Lucky Hunter
Disponível para: PC, Nintendo Switch, PlayStation 4
Versão testada: Nintendo Switch
Desenvolvedora: 159 Studio
Editora: indienova
Lucky Hunter é daqueles jogos que te apanham de surpresa. Começas uma partida por curiosidade e, quando dás por ti, são duas da manhã e estás há horas a ver peças a fundirem-se e a explodirem em combos. É um roguelite de batalhas automáticas e construção de baralhos, uma mistura que, no papel, parece confusa, mas que de alguma forma resulta. Quase sempre.
Não controlas as batalhas diretamente; em vez disso, tomas as decisões de alto nível: que caminho seguir, que artefactos apanhar e que “peças” adicionar ao teu baralho. Quando o combate começa, o tabuleiro enche-se automaticamente, as fusões acontecem sozinhas e o caos instala-se. A primeira vez que vês uma sequência completa de fusões a acumular milhares de pontos de dano, não consegues evitar sorrir feito parvo. É esse tipo de satisfação, o prazer silencioso de ver o teu planeamento a dar frutos.
Cada partida num mapa gerado proceduralmente soa familiar, mas é sempre imprevisível. Podes parar em fogueiras para recuperar vida, rezar para que um ferreiro melhore os teus artefactos preciosos ou arriscar moedas num casino. Os “packs” (ou arquétipos), Ninjas, Limos, Soldados e outros, dão a cada corrida um sabor próprio. Os Ninjas, em particular, conseguem destruir chefes como se fossem papel, se os construíres bem. Ainda assim, “bem” depende muitas vezes da sorte; o RNG pode abençoar ou arruinar uma partida antes mesmo de começar.
Entre partidas, a progressão meta mantém-te preso. Vais recolhendo “conchas” para desbloquear novos packs ou melhorias permanentes, oferecendo aquela sensação de recompensa a longo prazo que todo bom roguelite precisa. Mas a escalada é acentuada. Desbloquear exércitos parece mais caro do que devia, e é frustrante quando uma construção divertida fica trancada atrás de horas de jogo.
Visualmente, Lucky Hunter é simples mas funcional. A arte é fofa, quase minimalista, não impressiona, mas cumpre. A interface é limpa e informativa, o que ajuda quando tens dezenas de efeitos a acontecer ao mesmo tempo. Já a banda sonora é uma surpresa agradável, aqueles riffs de guitarra funky não deviam funcionar num jogo de fantasia, mas funcionam. Infelizmente, os efeitos sonoros contam outra história: são rudes, repetitivos e tornam-se irritantes após algumas partidas.
Lucky Hunter não é para todos. As batalhas passivas e a forte dependência da sorte podem pôr a paciência à prova. Mas se és do tipo de jogador que gosta de afinar construções, ver sistemas a interagir e perseguir a corrida perfeita, este pequeno roguelite é perigosamente viciante.
Nota: 7,5/10
Um pequeno ser com grande apetite para cinema, séries e videojogos. Fanboy compulsivo de séries clássicas da Nintendo.





