Jogos: Demon Slayer: The Hinokami Chronicles 2 – Análise
Demon Slayer: The Hinokami Chronicles 2 é uma continuação fiel que joga pelo seguro.
Jogo: Demon Slayer: The Hinokami Chronicles 2
Disponível para: PC, Nintendo Switch, PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series
Versão testada: PlayStation 5
Desenvolvedora: CyberConnect2
Editora: SEGA

Desenvolvido pela CyberConnect2, o estúdio responsável por sucessos baseados em anime como Naruto Ultimate Ninja Storm e JoJo’s Bizarre Adventure: All-Star Battle R, Demon Slayer: The Hinokami Chronicles 2 chega sob a bandeira da Sega. Surge num momento de máximo impulso cultural para a franquia, aproveitando a onda do filme Infinity Castle e da adaptação em anime do arco final do mangá. Como continuação direta do jogo original, mantém a fórmula do estúdio: combate rápido em arenas ao estilo anime, concebido para ser de fácil acesso imediato, mas com camadas de profundidade para quem dominar os seus sistemas.
Devo dizer, contudo, que provavelmente não sou a pessoa ideal para avaliar este jogo. Embora reconheça a enorme popularidade e influência de Demon Slayer na cultura do manga e do anime, não é uma série que, pessoalmente, me deslumbre. Dito isto, a minha perspetiva de “outsider” pode até ajudar a analisar os méritos do jogo para lá do peso da lealdade à marca, embora não possa deixar de notar o quanto este título se dirige, sobretudo, aos fãs já conquistados.
A campanha adapta os arcos Red Light District e Hashira Training, enquadrados por um breve prólogo com seis combates que resumem os eventos do primeiro jogo. O modo história combina batalhas em arena com exploração ligeira, missões secundárias e até mini-jogos ligados às habilidades das personagens. Os cenários variam entre a atmosférica Swordsmith Village, o opulento Red Light District, trilhos florestais e as residências dos Hashira. O ritmo é deliberado, momentos de calma e humor alternam com confrontos de alto risco. É fiel aos momentos-chave do anime, muitas vezes recriando cenas e coreografias com cuidado meticuloso.
O combate continua a ser o ponto forte da CyberConnect2: rápido, fluido e de compreensão imediata. Dois botões principais gerem ataques básicos e especiais, enquanto assistências, trocas de personagem e manobras de fuga acrescentam profundidade tática. O elenco de quase 40 personagens é impressionantemente diverso, com conjuntos de movimentos únicos tanto para caçadores como para demónios. O sucesso estratégico depende de ler o adversário, cronometrar ataques e manter combos. As batalhas contra bosses aumentam a variedade, apresentando duelos em várias fases, enormes bestas demoníacas e enxames de inimigos ao estilo Musou, quebrando o ritmo dos combates um-contra-um.
Entre os grandes combates, o jogador percorre ambientes semiabertos, realiza missões secundárias e descobre itens escondidos. Embora estes segmentos aumentem a imersão, a fidelidade visual e a interatividade ficam aquém das batalhas cinematográficas. Os mini-jogos rítmicos oferecem alguma variedade, mas a exploração funciona mais como ligação entre momentos-chave do que como atração principal.
No que toca a replicar a estética do anime, a CyberConnect2 acerta em cheio durante as batalhas. As cutscenes cinematográficas e eventos de botões rápidos (quick-time events) captam a mesma energia e espetáculo dos combates mais icónicos da série. Fora do combate, no entanto, a quebra visual é visível, os detalhes de fundo e as animações perdem polimento, e o jogo raramente ultrapassa os já altíssimos valores de produção do material original.
A grande novidade é o Modo de Treino dos Hashira, um desafio ao estilo roguelike com encontros aleatórios e melhorias simples. Oferece mais rejogabilidade do que os modos versus e arcade padrão, embora não altere de forma fundamental a fórmula central do jogo.
Demon Slayer: The Hinokami Chronicles 2 é uma adaptação cuidada e feita com paixão, que cumpre a promessa de trazer à vida as batalhas épicas do anime. O combate é um prazer de aprender e dominar, e a devoção ao material de origem é inquestionável. No entanto, é também uma sequela conservadora, mais interessada em aperfeiçoar a fórmula existente do que em reinventá-la. Para os fãs, é uma carta de amor. Para quem está de fora, como eu, é um lutador de anime agradável, mas, no fim de contas, familiar.
Nota: 7/10
Um pequeno ser com grande apetite para cinema, séries e videojogos. Fanboy compulsivo de séries clássicas da Nintendo.





