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Estreias mundiais portuguesas em Roterdão

O cinema português celebra a seleção de produções lusitanas no Festival Internacional de Cinema de Roterdão, que se realiza de 30 de janeiro a 9 de fevereiro de 2025, na cidade de Roterdão, Países Baixos.

La Durmiente, de Maria Inês Gonçalves
La Durmiente

A selecção dos filmes para um dos mais prestigiados festivais de cinema do mundo foi anunciada em conferência de imprensa pela sua directora artística, Vanja Kaludjercic.

O novo filme de José Filipe Costa, Pai Nosso – Os Últimos Dias de Salazar, terá estreia mundial na secção competitiva Big Screen.

A curta-metragem La Durmiente, realizada por Maria Inês Gonçalves (Portugal/Espanha, DOC/FIC, 20′), fará a sua estreia mundial na competição Ammodo Tiger Shorts, uma das secções mais prestigiadas do festival, dedicada a destacar novos talentos com abordagens cinematográficas inovadoras.

Outras duas produções portuguesas farão também a sua estreia mundial no festival: Vultosos Cumes de Diogo Salgado (Portugal/França/Bélgica, FIC, 20′) e Amarelo Banana de Alexandre Sousa (Portugal/Hungria, ANI, 13′). Estes dois filmes integram a secção de curtas e médias-metragens do festival, a “Short & Mid-length”. 



La Durmiente
de Maria Inês Gonçalves, produzido pela realizadora e coproduzido pela Películas Maria e Elías Querejeta Zine Eskola (Espanha), explora a história medieval da Infanta Beatriz de Portugal através da fabulação e da imaginação infantil. Inteiramente filmado no Mosteiro de Sancti Spiritus em Toro, espaço outrora habitado por Beatriz e onde se encontra o seu túmulo, estas crianças encenam e interpretam fragmentos da vida desta personagem apagada pela história, mas preponderante na crise dinástica portuguesa de 1383.

Vultosos Cumes de Diogo Salgado
Vultosos Cumes


Vultosos Cumes de Diogo Salgado, produzido pela C.R.I.M. Productions (Portugal), coproduzido Octopods Films  (Bélgica) e Protest Studios (França), conta a história de Pedro, que viaja pela primeira vez com os seus colegas de trabalho numa carrinha em direção a França. Embora, para os outros, esta seja mais uma viagem de trabalho, cada quilómetro aproxima Pedro de um lugar que o seduz: as colossais montanhas dos Alpes.

Amarelo Banana de Alexandre Sousa, produzido pela AIM Creative Studios (Portugal) e coproduzido pela Cub Animation (Hungria), aborda a vida de um homem que, depois de mais uma noite de insónias, se depara com uma estranha comunidade a viver no seu prédio e descobre a elaborada ilusão que criaram.

Amarelo Banana de Alexandre Sousa
Amarelo Banana

Pai Nosso – Os Últimos Dias de Salazar, de José Filipe Costa, terá estreia mundial na secção competitiva Big Screen. O filme é produzido por Uma Pedra no Sapato e conta no elenco com Jorge Mota, Catarina Avelar, Vera Barreto, Carolina Amaral e Cleia Almeida. 

José Filipe Costa, PAI NOSSO — OS ÚLTIMOS DIAS DE SALAZAR
Pai Nosso – Os Últimos Dias de Salazar


Portugal, 1968. Salazar, o ditador fascista que no mundo mais tempo esteve no poder, cai de uma cadeira e tem um AVC. Quando volta ao palacete de São Bento para convalescer, já não é Presidente do Conselho. Mas ninguém lhe contará a verdade: nem a fiel governanta Maria de Jesus, nem as solícitas criadas Aparecida, Socorro e Teresinha, nem o seu médico pessoal. Deseja Salazar derrotar a morte e perpetuar-se no poder? Saberá ele a verdade, secretamente? Como é possível manter a sanidade mental em São Bento? 

Nos seus dois últimos anos de vida, Salazar torna-se um virtual presidente do conselho vitalício. Todos lhe escondem que na verdade, depois de uma queda que o deixou às portas da morte, Marcelo Caetano substituiu-o no governo. Como é possível um ditador deixar o poder que deteve de forma autoritária? Como pode essa autoridade voltar-se contra o seu próprio autor? Salazar será capaz de admitir que perdeu o poder? Como passa de figura toda-poderosa a uma quase criança, uma múmia, cujo destino decadente se confunde com o do próprio país? 

O filme explora de que forma o sistema que Salazar construiu é o mesmo que o devora, quando está à beira da morte. O poder que na sua figura concentra é o poder que o domina no final da sua vida, o que, aliás, explica que ninguém se atreva a afirmar-lhe que já não é o senhor soberano mas um actor iludido. A trágica e medíocre ficção de um homem que é a ficção de um país que não se sabe reconhecer nos seus próprios fantasmas.

José Filipe Costa, PAI NOSSO — OS ÚLTIMOS DIAS DE SALAZAR
Pai Nosso – Os Últimos Dias de Salazar



O Festival Internacional de Cinema de Roterdão é reconhecido pela sua programação arrojada e pelo foco em novos talentos e abordagens criativas no cinema global. A presença de estreias mundiais portuguesas na edição de 2025 sublinha o crescente impacto da cinematografia nacional contemporânea no panorama internacional. 

Ricardo Lopes

Começou a caminhar nos alicerces de uma sala de cinema, cresceu entre cartazes de filmes e película. E o trabalho no meio audiovisual aconteceu naturalmente, estando presente desde a pré-produção até à exibição.

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