Crítica BD – Corto Maltese Livro 16 – Nocturno Berlinense
“Nocturno berlinense”, faz parte das novas aventuras de Corto Maltese. Na verdade, é a quarta aventura de BD da dupla espanhol Juan Diaz Canales e Rúben Pellejero.
Na Alemanha de 1924. Corto Maltese vagueia pelas ruas de Berlim com o escritor Joseph Roth quando descobre a morte de um estimado amigo. O marinheiro seguirá várias pistas para achar o responsável, esta busca ocorre num país convulsionado pela bancarrota, a guerra, o assassinato político, os golpes de Estado e a ameaça crescente do nazismo.
O argumentista Juan Díaz Canales e o desenhador Rubén Pellejero projetam as luzes viciantes e as sombras misteriosas da Alemanha entre combates sobre a silhueta mítica do Corto Maltese de Hugo Pratt.
É pertinente falar desta história, pois desta vez não tem o mar como cenário, nem nenhuma ilha paradisíaca e longínqua. A ação desenrola-se entre Berlim e Praga e a par do contexto histórico que contém muitos pormenores, o livro é fiel à linha seguida por Hugo Pratt no que toca ao esoterismo.
Podemos então concluir que este é um livro riquíssimo de conteúdo, do ponto de vista cultural e social, mas que consegue harmoniosamente juntar tudo isto, não faltando as intrigas, as amizades, o perigo, a aventura. Corto Maltese move-se tão bem aqui, como a bordo de um navio.
Felizmente, parafraseando Corto:
Há sempre a possibilidade de despertar de um pesadelo para viver um belo sonho.
Esta obra é uma ode ao espírito e ao companheirismo, ficamos encantados com o marinheiro maltês, uma das mais marcantes e incontornáveis figuras da História da banda desenhada.
Juan Díaz Canales, nasceu em Madrid em 1972. Estudou Belas Artes na Universidade Complutense de Madrid, tendo decidido, em 1996, fundar a sociedade “Tridente Animación” juntamente com Teresa Valero e outros dois amigos. Desde então, a sua atividade profissional divide-se entre a sua faceta de desenhador de pré-produção para séries de televisão e longas-metragens de animação, e a de argumentista de banda desenhada, a qual inclui obras como Los Patricios (desenhos de Gabor), ou Fraternity, (desenhos de José Luis Munuera).
“Sob o Sol da meia noite”, e “Equatória” e “O dia de Taroween” são os títulos já publicados das novas aventuras de Corto Maltese em que presta homenagem à obra de Hugo Pratt, mas integrando o seu cunho pessoal.
Rubén Pellejero, nasceu em Badalona em 1952. Desenhador profissional desde 1970, dedica-se à BD a partir de 1982 com a publicação de “Historias de una Barcelona”. Com argumento de Jorge Zentner, assina as histórias “As Memórias de Mr. Griffaton”. Em 1996, publica “O Silêncio de Malka”, obra que no ano seguinte obtém, em Angoulême, o Alph’Art para o Melhor Álbum Estrangeiro. Publica ainda “L’Impertinence d’un été” (com Denis Lapière) e “Loup de pluie” (com Jean Dufaux), antes de retomar Corto Maltese em parceria com Juan Diaz Canales.
Autor: Juan Díaz Canales
Ilustração: Rubén Pellejero
Género: Aventura, Ação
Editora: Arte de Autor
Argumento: 8
Arte: 9
Legendagem: 7
Veredito final: 8
Atriz e professora. Da marginalidade à pureza gosto de sentir tudo. Alcanço o clímax na escrita. Sacio-me com a catarse no teatro. Adiciona-se uma consola, um lightsaber, eye makeup quanto baste e estou pronta a servir.*De fundo ouve-se Fix of Rock’n’Roll, de The Legendary Tigerman*