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Cinema: Crítica – We’re All Going To The World’s Fair (2021)

Jane Schoenbrun não é estranha à cultura de internet e os seus cantos mais obscuros, pelo menos no que toca em lendas urbanas modernas. Em 2018, realizou o documentário A Self-Induced Hallucination, sobre o impacto de Slender Man num grupo de pessoas e como eram influenciadas pela personagem cujas histórias eram contadas colectivamente. No seu primeiro projecto de ficcção, Schoenbrun apresenta-nos agora We’re All Going To The World’s Fair, que pega em alguns dos conceitos base de um jogo de terror, e aplica-o num coming-of-age, com a estreia de jovem Anna Cobb como actriz.

Casey (Cobb) é uma adolescente que decide aderir ao desafio do World’s Fair, um jogo que pede ao jogador para cometer algumas acções e documentar as suas alterações em vídeo. Depois de picar o dedo várias vezes e assistir a um vídeo, Casey está agora no meio de um jogo que poderá ser mortal. Através de um conjunto de vlogs sobre as suas mudanças, esta ganha a atenção de JLB
(Michael J Rogers), um fã do jogo, que tenta dar apoio de Casey durante a sua nova jornada.

O cinema de Hollywood já tentou, em diversos formatos, adaptar estes jogos de Internet que causam o caos entre pré-adolescentes e adolescentes, mas falhando sempre a sua marca. Desde da própria adaptação de Slender Man em 2018, como um filme de terror vazio, a Verdade ou Consequência, que ainda teve os seus momentos, de um modo geral, as coisas não funcionaram como suposto, acabando por ser sobrecarregado de emoções fortes.

Neste caso, Schoenbrun tem uma sensibilidade mais atenta em mostrar no filme algo que aparenta ser mais genuíno, que possa reflectir mais à realidade geral dos jovens e menos na criação de melodrama apenas para o efeito. Na maioria das vezes, resulta; ainda que a violência e a urgência do perigo seja diminuída, tendo sido trocada por uma nuvem negra invisível que persegue Casey e que nos tenta puxar para o seu mundo. Cobb faz um trabalho incrível em ser esta rapariga que encontrou um novo propósito de vida, agarrando a nossa atenção com as suas acções. Nem sempre são cometidos actos de loucura, mas deixa-nos ansiosos para ver o lhe vai acontecer, se acontecer sequer.

Nos raros momentos em que o filme aparenta mudar de rumo, somos rapidamente trazidos de volta à terra, mostrando a vida de uma adolescente solitária, apenas em busca de um bocadinho de companhia e fazer parte de um movimento. É uma demonstração calma e intrincada na mente de uma rapariga que busca esta nova experiência, mas os visuais, aliados à banda sonora, garantem uma assombração mental, que de certa forma nos deixam alertas.

Assim, We’re All Going To The World’s Fair é um filme diferente do que poderíamos esperar dentro do tema, com o terror a residir no conceito mais que o aquilo que é causado pela experiência num adolescente.

Nota Final: 7/10

We’re All Going To The World’s Fair passou no MOTELX – Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa, na Quinta-Feira, 9 de Setembro às 18h00 (Cinema São Jorge – Sala 3).

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