Cinema: Crítica – Wake Up – A Caça
A jornada tem sido longa para Wake Up – A Caça, um filme realizado pelo trio canadiano conhecido por RKSS, composto por François Simard, Anouk Whissell e Yoann-Karl Whissell. Após uma estreia em grande com Turbo Kid, que fez furor em todo o lado que passou, Summer of ’84 tornou-se num pequeno filme de culto entre os fãs do género. Entretanto, Wake Up – A Caça fez a sua estreia em Setembro de 2023 no festival Fantastic Fest, chegando agora às salas de cinema.
Quando um grupo de activistas ambientalistas invade uma loja de móveis, acusada de desflorestar de forma não-ética para o fabrico dos seus produtos, estes vêem-se num jogo de gato e rato quando um dos seguranças é um caçador primitivo obcecado pelo seu hobby, que não irá parar até capturar todas as suas presas, seja de que forma for.
Com menos de hora e meia de filme, as coisas tendem mover-se rápidas, onde o paralelismo entre o mundo real e a ficção cruzam-se dentro desta House Idea, uma espécie de IKEA de marca branca, para não ofender susceptibilidades. Enquanto que a missão anti-capitalista destes jovens poderá ser algo admirada – sempre é melhor do que ocuparem o meio das estradas, ou atirar coisas contra obras culturais de valor incalculável – é quando conhecemos Kevin (Turlough Convery), o segurança do inferno, que as coisas tomam um rumo muito mais intenso.
Este jogo torna-se perigoso porque Kevin tem uma obsessão nada saudável em caçar, de formas muito duras e violentas, recorrendo a uma série de recursos improvisados, que acaba por tornar tudo bastante mais assustador. As ideias são muitas, e a maioria são boas, eficazes, frequentemente sem escrúpulos e com um certo charme de série-B capaz de ser apreciado até pelos mais cépticos.
Naturalmente, não estamos perante uma obra intelectual, focando-se primariamente no divertimento das armadilhas, e na perseguição, onde o sangue derramado mede os pontos do jogo imaginário. Felizmente, há alguma criatividade na abordagem, numa espécie de Sozinho em Casa, versão terror, onde as vítimas são jovens ingénuos que só querem tentar tornar o mundo num sítio melhor.
Nisto, Wake Up – A Caça, cumpre dentro das expectativas do género, assumindo a sua energia ruim do seu vilão, permitindo que a violência se desenrole a bom ritmo para o nosso entretenimento, num filme que assenta e bem às consequências da mentalidade da chamada Geração Z, e o que pode acontecer se derem demasiados passos em falso.
Nota Final: 5/10
Fã irrepreensível de cinema de todos os géneros, mas sobretudo terror. Também adora queimar borracha em jogos de carros.