Cinema: Crítica – The Seed (2021)
Por vezes as estreias nas longas-metragens de novos realizadores pode ser um projecto intimidante. Mesmo com toda a experiência que possam ter nas curtas, fazer um filme de, no mínimo, hora e meia, requer todo um trabalho em que muito poucos conseguem explorar com sucesso. Um destes casos é Sam Walker, que faz a sua estreia com The Seed, um filme de terror com uma premissa simples, mas com uma execução bastante interessante.

Deidre (Lucy Martin), Charlotte (Chelsea Edge) e Heather (Sophie Vavasseur) são três amigas que vão até à casa do pai de Heather no meio do deserto, para testemunharem uma chuva de meteoritos, um evento muito raro que muda as suas vidas, ao verem um dos meteoritos cair na sua propriedade e revelar-se ser muito mais do que aparenta.
O que soa a um episódio de A Quinta Dimensão, ou Ficheiros Secretos, acaba por se deixar levar para os lados do body horror, enquanto conhecemos as três raparigas e como lidam com a aparição desta criatura, os seus motivos e as consequências de interagirem com ela. É um conceito básico que abre muitos caminhos possíveis, e a que Walker escolheu é capaz de ser das melhores opções, oferecendo-nos algo que nos deixa à beira da cadeira, nervosos pelo que poderá acontecer a seguir.

Um dos elementos mais charmosos de The Seed é toda a produção que faz parecer um filme saído da década de 80, mesmo com a utilização limitada de aparelhos modernos. Igualmente, Walker integra muitos aspectos dos filmes daquela era do cinema de terror, criando algo que, apesar de não ser único, mantém tudo o que faz daqueles filmes divertidos.
Quando o filme não está a ser casualmente cómico com a situação inesperada e caricata, este torna-se num sonho febril repleto de luxúria e desejo, aliados a visuais estrondosos, que complementam todo este pesadelo. O facto de Martin, Edge e Vavasseur interpretarem personagens com personalidades muito diferentes entre si permite que cada uma tenha o seu próprio destaque, como também vermos as consequências individuais com o contacto com a criatura.

Assim, The Seed é uma estreia muito bem assumida por Sam Walker, que dá o seu primeiro grande passo para algo que poderá ser maior, sendo um dos realizadores que em breve poderá enverdar algo ainda maior e mais grotesco. Até lá, é desfrutar deste body horror eficaz, repleto de charme, e que é um bom serão em pleno festival.
Nota Final: 6/10
Fã irrepreensível de cinema de todos os géneros, mas sobretudo terror. Também adora queimar borracha em jogos de carros.