Cinema: Crítica – The Sadness (2021)
No último ano temos vivido uma espécie de filme de terror, onde por momentos (leia-se semanas), tivemos que perceber o que era o Covid-19 e o que era capaz de fazer, junto com a incerteza mundial de como tudo seria resolvido. Hoje, com a vacinação a correr de forma positiva, podemos dizer que, de certo modo, este é um dos melhor cenários possíveis. A estreia do canadiano Rob Jabbaz, a viver em Taiwan, com The Sadness, demonstra-nos o completo oposto, com o pior pesadelo tornado realidade em segundos.
Jim (Berant Zhu) e Kat (Regina Lei) são um casal, prontos para enfrentarem mais um dia na normalidade, enquanto que a saúde pública está em recuperação, depois de uma pandemia com sintomas leves. Mas o virus sobre uma mutação, tornando as pessoas mais violentas e excitadas, com a cidade a entrar numa erupção; onde todo o tipo de crimes depravados são cometidos e sangue escorre pelas ruas.
Dentro do cinema de terror asiático, The Sadness faz jus ao género, sendo um autêntico festival de gore, onde não faltam sangue, entranhas e tudo aquilo que poderá deixar qualquer um com muita impressão. Ao seguirmos os caminhos de Jim e Kat, separados, vemos que ambos enfrentam diversos grupos violentos, onde não existe qualquer limite de o que poderá acontecer – e muito de facto acontece.
Seria demasiado fácil descrever estas cenas como gratuitas. Desde ataques de terror num comboio, à tortura de um homem solitário por jovens desportistas, com tacos de baseball, existe também uma certa crueldade criativa para levar a cabo todos os momentos chocantes que podemos testemunhar. Mas The Sadness tem exactamente a noção do tipo de filme que é e não se desculpa pela sua autenticidade. Não há paninhos quentes para quem não é capaz de aguentar as coisas horrendas no ecrã.
Mesmo quando a narrativa entra pelos caminhos científicos e médicos, as coisas encaixam de forma perfeita, sem nunca se atrever a mudar de tom.
Em duas horas de filme, existe um equilíbrio entre sangue e violência, e as pausas que servem de calma antes da tempestade, junto com uma brilhante realização e cinematografia, e uma banda-sonora incrível a acompanhar, cortesia de TZECHAR. É frequente a respiração ficar cortada, a vontade de tapar os olhos, mas somos incapazes de virar a cara, só pelo bel-prazer de ver no ecrã como o mundo poderia ter virado de avesso de vez, passando o ponto sem retorno. Este é o filme mais louco que verão este ano, garantidamente.
Nota Final 10/10
The Sadness passou no MOTELX – Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa, na Sexta-Feira, 10 de Setembro, às 23h45 (Cinema São Jorge – Sala Manoel de Oliveira). O filme irá passar novamente no dia 13 de Setembro, às 23h45 (Cinema São Jorge – Sala 3)
Fã irrepreensível de cinema de todos os géneros, mas sobretudo terror. Também adora queimar borracha em jogos de carros.