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Cinema: Crítica – O Maior

Jordan Peele produz o terror psicológico desportivo que é O Maior, num filme realizado por Justin Tipping e protagonizado por Tyriq Withers e Marlon Wayans.

Há muito que se possa dizer por filmes cujos produtores são tão consagrados que pelo marketing, ou o próprio estilo da obra, tendem confundir espectadores sobre de quem realmente a visão pertence. Exemplos populares como O Estranho Mundo de Jack, frequentemente atribuído a Tim Burton, fora realizado por Henry Selick – embora Burton tenha produzido e escrito o argumento; e Poltergeist, realizado por Tobe Hooper, mas que durante décadas muitos acreditavam que fosse um filme de Steven Spielberg. Estamos perante uma situação potencialmente semelhante, com todo o marketing de O Maior estar a ser focado em Jordan Peele, num filme realizado por Justin Tipping.

Seguimos a vida de Cameron Cade (Tyriq Withers), um jovem jogador de futebol americano, considerado um prodígio e prestes a ascender à modalidade profissional, cumprindo o seu sonho. Sonho este que é posto em risco após um ataque de um fã. Ao ser convidado para a mansão do seu ídolo Isaiah White (Marlon Wayans), para um treino intensivo, este descobre o verdadeiro segredo para ser considerado o melhor jogador de sempre.

Ao longo de vários dias, cada um representante de algumas das virtudes importantes para um jogador de relevo, vamos percebendo que nem tudo o que aparenta é real, deixando no ar uma certa ambiguidade, muito devido à sua lesão cerebral, que deixa-nos com um certo desconforto. A isto se junta uma abordagem de uma série de tópicos, desde masculinidade tóxica, aos atletas perceberem o quão longe estão dispostos a ir, e a sacrificar, pela sua grandeza.

Naturalmente, ter o nome de Peele associado ao filme eleva as expectativas, enquanto que Tipping, vindo de uma base principalmente televisiva, tenta ajustar-se para o género e corresponder àquilo que é esperado pelos fãs das obras do produtor. Para melhor ou pior, há um esforço notável por parte do realizador, sobretudo num filme que cruza o thriller psicológico com desporto, semelhante à forma que Cisne Negro cruzou o mesmo género com ballet, mas de uma forma mais directa e repleta de testosterona.

Assim, O Maior introduz-nos a uma visão macabra q.b. do mundo do futebol americano – uma moda que poderia no futuro vir a ser adaptado para outros desportos – num filme capaz de satisfazer a missão da qual se propôs, ao deixar-nos com uma curiosidade extrema em perceber o que realmente está a acontecer e porquê, revelando em apenas hora e meia todas as suas intenções. Curto, directo e com questões suficientes para responder, é garantidamente um excelente serão, relembrando-nos do quão divertidos filmes de desportos eram nos anos 80 e 90.

 

Nota Final: 8/10



Ricardo Du Toit

Fã irrepreensível de cinema de todos os géneros, mas sobretudo terror. Também adora queimar borracha em jogos de carros.

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