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Cinema: Crítica – O Criador (2023)

A curta filmografia de Gareth Edwards está repleta de filmes de orçamentos grandes, sendo um cineasta que provou ser capaz de gerir de forma inabalável o mundo de Godzilla e Guerra das Estrelas com Rogue One. O seu mais recente filme, O Criador (Resistência, no Brasil), aborda um mundo cuja inteligência artificial é integrada na humanidade, e a guerra divisória que se abre entre humanos e humanoides.

Seguimos a história de Joshua (John David Washington), um ex-soldado norte-americano, que enquanto sob disfarce à procura do criador da inteligência artificial, perde a sua mulher Maya (Gemma Chan). Cinco anos depois, o exército pede-lhe ajuda para destruir uma arma perigosa, mas nem tudo é o que aparenta, quando este encontra uma pequena criança, Alphie (Madeleine Yuna Voyles) que poderá mudar o percurso da guerra.

O Criador

Estamos perante uma obra grandiosa, não apenas nos vários locais asiáticos que são o fundo desta aventura, como também na muita acção que o filme nos oferece, frequentemente intensos, com o adicional do risco para o destino do mundo estar no balanço. É um filme que, em muitas formas, poderia ser uma história paralela de Guerra das Estrelas, não apenas a nível temático, mas também na forma que o futuro é pintado, com armas que disparam lasers, veículos futuristas, e naves espaciais; um claro lembrete da experiência de Edwards em Rogue One, trazendo de novo o seu talento ao de cima.

Enquanto que a multitude de personagens que conhecemos em pouco mais de duas horas de filme variam entre soldados norte-americanos com uma agenda de genocídio contra as máquinas, aos resistentes asiáticos, que não concordam, e estão felizes ao viverem em conjunto com os robôs, a guerra instalada, e de forma agressiva pouco sentido faz quando analisada a fundo.

O Criador

Disfarçada sob um manto político, que certamente reflecte perante tantos outros acontecimentos do mundo real, Edwards e o seu co-argumentista Chris Weitz vincam um mundo onde os E.U.A. são uma força suprema, capazes de invadir outros territórios, sem qualquer ideia de criar um incidente internacional. É um conceito estranho de processar neste filme, principalmente visto por este prisma, com a parte de ficção científica futurista como um filtro.

Visualmente, O Criador é, mais uma vez, um exemplo do que toca à definição e redefinição do experimentalismo, onde as inspirações de Edwards são assumidas, com a obra a remeter para filmes dos anos 70 e 80, modernizados com a tecnologia actual. No entanto, é importante realçar que, enquanto que a técnica é altamente apreciada, não torna o filme intemporal, tendo este que provar o teste do tempo.

Assim, O Criador é mais um grande filme que mistura ficção científica com acção, com uma missão onde a paz do mundo está por um fio, em forma de uma criança. É um filme que ao início intriga e nos puxa para o seu universo, mas que acaba por entrar em piloto automático uma vez que se sente confortável, algo que acabamos por sentir muito durante o terceiro acto. Ainda assim, está presente que Gareth Edwards sabe o que está a fazer, e fá-lo muito bem. Apenas queríamos que o fizesse de uma forma mais original.

Nota Final: 7/10

2 thoughts on “Cinema: Crítica – O Criador (2023)

  1. Respeitáveis analistas cinematográficos:

    Sou de parecer, que embora o filme seja muito bem sucedido como um género de ação, combate e violência em termos de invasão norte americana a territórios independentes, com a finalidade de erradicar a inteligência artificial, falha ao não apresentar um enredo argumentativo suficientemente consistente, para demonstrar que a inteligência artificial é perigosa para a Humanidade.

    Ademais, não explorou as relações diplomáticas entre Estados que aprovam a utilidade da inteligência artificial…

    Esperava mais momentos de tranquilidade dialógica; mostrando situações de utilidade pública e pessoal, nos diversos ramos da atividade científica, industrial, médica e social.

    Dado o apelativo título “O criador”, um filme de guerra, que do princípio ao fim me faz lembrar a saga do “exterminador implacável”, em que desta vez os perseguidos são as máquinas inteligentes, considero um fiasco literário, o nome que dão ao filme…

    Amigavelmente – artur

  2. Essa questão é profundamente intrigante, pois nos coloca diante de um dilema: será que a inteligência artificial representa uma ameaça para a humanidade, ou somos nós, a humanidade, que constituímos o verdadeiro perigo para o desenvolvimento da inteligência artificial? Nesse complexo enigma, encontra-se um ponto crucial de reflexão sobre o impacto da tecnologia em nossa sociedade e a responsabilidade que temos em direcionar seu potencial de maneira ética e segura.

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