Cinema: Crítica – Novocaine
Nathan Caine tem uma condição genética que não lhe permite sentir dor. Mas depois de um assalto, onde levam a sua amada refém, este decide ir buscar a sua própria justiça.
Bem-vindos ao começo da aparição de blockbusters, um bocadinho mais cedo que o habitual – afinal ainda nem estamos na Primavera – onde conceitos um nadinha absurdos acabam por intrigar uma premissa, que se transforma num filme inteiro com uma narrativa dedicada, vendo a semente florescer num grande projecto. Este é o caso de Novocaine, realizado por Dan Berk Robert Olsen.
Nathan Caine (Jack Quaid) é um homem com uma vida simples, excepto que sofre de uma condição genética que lhe deixa insensível à dor. Este acaba por se apaixonar por Sherry (Amber Midthunder), uma colega de trabalho no banco, da qual ele sente que pode partilhar as suas mágoas. A certo dia, um assalto ao banco faz com que os assaltantes raptem Sherry, cabendo a Nathan ir salvá-la.
A introdução de um elemento bastante único numa fórmula já estabelecida definitivamente torna as coisas interessantes. Nathan não é, de todo, o próximo John Wick, mas tem qualidades nobres que lhe tornam numa espécie de herói de acção introvertido. É uma abordagem que está alinhada com a ideia de uma versão mais normal da personagem de Keanu Reeves, tal como Ninguém, provando que não são feitos de aço, mas têm talentos especiais.
A parte divertida no meio disto tudo é como são arranjadas todas as oportunidades para utilizar a condição de Nathan, acabando por ser cada vez mais demente, em função de entretenimento de topo, ainda que ao longo da obra não exista nada para além desta personagem que já não tenhamos visto anteriormente. Alguns detalhes sobre Sherry poderiam ter sido melhor explorados, sobretudo a forma que esta se relaciona com Nathan a nível emocional, acabando, infelizmente, por ser completamente ignorados para além de uns meros momentos.
Durante quase duas horas, a missão é imparável, onde uma multitude de situações testam as capacidades de Nathan e a força do seu amor, contra um grupo de assaltantes bastante agressivos, que aumentam a parada a nível da violência, esta que acaba por se estender ao restante filme, onde a criatividade de Nathan acabar por revelar muito sangue.
Assim, Novocaine é um filme cuja ideia central apela a uma certa invencibilidade, ou até uma desconsideração do próprio bem-estar, em função termos um filme de acção e comédia balanceado de uma excelente forma, pecando apenas em explorar a superficialidade de praticamente todas as personagens senão a principal. Alguns poderão achar repetitivo a ideia de ir atrás da condição genética, enquanto que essa será, sem dúvida, a estrela do filme.
Nota Final: 7/10
Fã irrepreensível de cinema de todos os géneros, mas sobretudo terror. Também adora queimar borracha em jogos de carros.