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Cinema: Crítica – Joker (2019)

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Perante uma grande quantidade de filmes de super-heróis, a necessidade de abordar o género de outra forma surgiu para quebrar a ideia que não era preciso muitas cenas em CGI para adaptar uma BD numa filme em imagem real. Foi por isso que Todd Phillips decidiu mostrar o maior vilão do universo da DC Comics no seu estado mais humano e cru, em Joker.

Arthur Fleck (Joaquin Phoenix) é um homem perturbado, com o sonho de ser um comediante. Vivendo uma vida pobre, com a sua mãe, Penny (Frances Conroy), Arthur faz o que pode como palhaço contratado, fazendo publicidade na rua ou ir animar crianças a hospitais, acreditando que o seu propósito é ser feliz e fazer os outros felizes. Uma noite, Arthur vê-se numa situação complicada e comete um crime que o torna, indirectamente, um símbolo contra o capitalismo e tudo aquilo que representa.

É louvável a prestação de Phoenix como um dos grande vilões da banda desenhada, sendo, sem dúvida, um dos melhores Joker do cinema, perfeitamente capaz de estar ao lado de Heath Ledger e Jack Nicholson e fazer esquecer a versão do Jared Leto. Por baixo de um vilão conhecido, está um homem quebrado, com uma condição médica que o faz rir de forma aleatória e incontrolável, e que pode deixar as outras pessoas com arrepios na pele.

A imunda cidade de Gotham em 1981, serve como pano de fundo para a transformação do homem em lenda. Arthur é forçado a libertar o seu lado mais obscuro para um mundo que lhe olha para baixo e lhe dá desdém, numa sociedade que traça vários paralelismos do mundo que vivemos hoje, movimentado por um ódio constante daqueles que acreditamos estar debaixo de nós na hierarquia social. Aqui não existem tecnologias para amplificar esses sentimentos, mas não deixam de ter um grande impacto emocional sobre Arthur, onde ele é sempre o grande alvo de chacota.

Com alguma surpresa, a realização de Todd Phillips é feita como se de um astuto aluno de Martin Scorsese se tratasse, inspirado por obras clássicas como Taxi Driver ou O Touro Enraivecido, sobretudo em como a cidade é retratada e como as maneiras dos habitantes de Gotham. Aliada à direcção de fotografia de Lawrence Sher e a banda sonora, cortesia de Hildur Guðnadóttir, conseguem garantir vários momentos inesquecíveis.

No fim, se retirarmos todas as referências do universo da DC, Joker continuaria a ser um drama sólido, sobre um homem que vive uma das piores fases da sua vida e como encara as consequências da sua vida infeliz, onde podemos ver pelos seus olhos, um mundo de sofrimento e dor, não pedindo empatia, mas sim compreensão. A actuação de Phoenix é o grande destaque desta obra, que irá certamente causar uma grande impressão em quem acha que já viu tudo da personagem. No entanto, por vezes distrai-se um pouco na sua loucura e o faz desligar da sua enredo principal.

Uma coisa é certa: se Joker for o primeiro passo para uma nova vaga de cinema de auteur baseada em banda desenhada, então estamos muito bem encaminhados.

Nota Final: 8/10

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