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Cinema: Crítica – Horas Decisivas (2016)

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Rodagens marítimas nunca foram as mais agradáveis palavras para um realizador ouvir. Basta perguntarem a Steven Spielberg, James Cameron, Kevin Costner e Kevin Reynolds de como as coisas correram. Uns encontraram sucesso no final da sua jornada, outros nem por isso. Mas, em 2016, talvez o panorama seja outro.[fbshare]

Pelo menos, assim o é no novo disaster movie da Disney – Horas Decisivas. Uma nostálgica aventura ao heroísmo dos anos 50 realizada por Craig Gillespie (Million Dollar Arm), recheada com estrondosos visuais e um certo plano de fazer invejar o semelhante A Perfect Storm.

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Baseado numa história verídica e no livro de Michael J. Tougias e Casey Sherman, Horas Decisivas traz-nos a história do resgate do dia 18 de Fevereiro de 1952 ao petroleiro SS Pendleton depois de este se ter divido após uma tempestade.

Chris Pine e Casey Affleck criam de forma convincente Bernie Webber e Ray Sybert (respectivamente) – os nossos heróis, dando-lhes o espaço necessário para a criação de empatia que carrega toda a história e que nos consegue responder facilmente á pergunta “porque que é nós nos importamos?”. Os pequenos detalhes como o nervosismo de Webber e a calma de Sybert, mostram como Pine e Affleck conseguem facilmente acentuar uma cena.

No elenco secundário temos ainda Ben Foster, Eric Bana e John Ortiz (também conhecido como aquela personagem naquele filme do Michael Mann) – todos eles com um trabalho digno, embora com pouco campo para exploração. Eric Bana sofre especialmente, vendo a sua personagem encolher ao longo do filme, sem ter direito a nenhuma conclusão satisfatória (e não queremos que o Eric Bana fique zangado, pois não?). E, sem querer estragar nada, digo-vos que podem (ou não) deixar cair umas quantas lágrimas com um certo elemento da tripulação do Pendleton.

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Mas para um filme chamado Horas Decisivas, ele bem que demora a encontrar o seu ritmo, estabelecendo em primeiro lugar a relação entre Webber e a sua namorada, Miriam (Holliday Grainger), depois o Pendleton e só depois o resgaste em si. Não que estes momentos sejam menos que interessantes, mas não podemos ignorar aquele sentimento de termos aqui uma ou duas cenas a mais – algo que acaba por morder o filme no seu próprio rabo com um clímax que embora envolvente, vê-se acabado num curto espaço de tempo.

A mesma combinação de argumentistas que nos trouxe The Fighter em conjunto com o realizador Craig Gillespie formam o tal old school feel que dá a Horas Decisivas grande parte do seu coração, moldando estes verdadeiros heróis em velhas personagens cinematográficas, que envoltos numa comovente (embora alguns puxem a palavra manipulativa) e emocionante banda-sonora de Carter Burwell, nos conduzem através de uma extraordinária experiência.

É nada menos que impressionante a realidade para a qual os efeitos especiais e as maravilhas técnicas do filme nos transportam. Filmes deste género vivem em parte para apostarem numa magnífica extravaganza capaz de nos deixar de boca aberta – e a primeira vez que vemos o que realmente aconteceu ao Pendleton deixa-nos assim mesmo. (não recomendo que vejam o The Walk e este Horas Decisivas em double feature!)

Algum alarido tem sido feito em relação á conversão desnecessária que a Disney fez para 3D – havendo então assim o habitual escurecimento de um filme que por si só não é nenhum arco-íris. Como sempre, o 3D é apenas mais uma ferramenta para contar ou experienciar uma história e não deverá ser o end all, be all para julgar um filme. Se assim o quiserem, muito bem. Mas não deixem de ver o filme por esse motivo.

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Não sei quanto ao público em geral, nem á própria Disney (lançamentos em Janeiro são sempre motivo de suspeita), mas não me envolvia num filme em alto-mar desta maneira desde o sub-valorizado (e por vezes esquecido) Master and Commander do australiano Peter Weir.

E porque não seria crítica minha sem nenhuma pun horrível relacionada com o filme – digo que apesar de um lento início e um curto final, Horas Decisivas acaba por atracar em bom porto com um coração no sítio certo e um espectáculo palpitante e assegurado – a primeira grande surpresa do ano.

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Tiago Laranjo

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