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Cinema: Crítica – Encanto (2021), da Disney

Dos criadores de Zootopia e Moana, Encanto conta a história da família Madrigal, na qual todos possuem um poder mágico que utilizam da melhor maneira para ajudar a sua família e cidade. Todos excepto uma pessoa que nasceu sem qualquer poder, a Mirabel. Quando o encanto da família começa a desaparecer, a pessoal mais “vulgar” da família é a primeira a aperceber-se desta rutura e das enormes consequências que irão surgir.

As cores vibrantes e cenários estupendos desta cidade envolvida por natureza e tradições capta de imediato a nossa atenção. Enquanto isto, os Madrigals habitam numa enorme e mágica mansão que é uma parte integrante desta família, pelos seus detalhes sobrenaturais e individualidade da mesma. 

Numa determinada etapa da sua juventude, todos os Madrigals passam por um ritual específico em que obtém o seu poder. Rodeados pela população da cidade e a própria família, cada Madrigal dirige-se sozinho pelo átrio e escadaria da mansão em direção a uma porta. Se a casa os considerar dignos, cada membro adquire um encanto no momento em que abrem a maçaneta, pelo que o lado de lá será influenciado pelo próprio poder. Por exemplo, um dos mais recentes membros da família, obtém a habilidade de falar com os animais pelo que o seu quarto é uma gigantesca selva sem fim do qual não aparenta sequer metade do seu tamanho no exterior. Em suma, os quartos são uma espécie de mochila da Hermione.

Contudo, a protagonista, Mirabel, nunca recebeu o seu poder durante o ritual e passados vários anos, foi-se habituando à sua vulgaridade, tal como alguns dos seus tios ou o seu pai que não têm origem familiar, mas são indispensáveis para o funcionamento desta família. Guiados por Mirabel, vamos conhecendo a restante família, entre os quais, a sua avó Alma que é o pilar deste Encanto, Luisa que possui uma força brutal, Isabela que tem o dom de criar plantas e flores, Camilo que tem a habilidade de se transformar em qualquer pessoa, Pepa que controla o tempo, ou Bruno, o exilado da família do qual todos têm receio de mencionar, entre outros. 

Deste modo, Encanto tem o risco de ser visto como só mais um filme de “super-heróis”, mas é muito mais do que isso. É surpreendente a sensibilidade em cada ponto deste guião, bem como a capacidade constante da Disney em executar premissas já conhecidas e inspirar com as mesmas. Por um lado, não possui as melhores canções se compararmos com projetos anteriores. No entanto, esta família possui uma naturalidade enorme nas suas interações que é muito raro ver no grande ecrã. Os diálogos têm uma forte ambição emocional, o amor e ódio familiar é fluido, bem como os flashbacks dramáticos habituais da produtora. 

Por fim, por vezes, a animação atinge um certo nível robótico ou repetitividade dos projetos anteriores, o que pode saturar o espectador, mas as belíssimas paisagens, cores vibrantes e expressões realistas fazem-nos esquecer este pormenor, bem como as memoráveis atuações dos dobradores.  

Em suma, Encanto tem pontos que irão agradar vários públicos-alvos, sejam fãs de musicais (músicas escritas pelo Lil-Manuel Miranda), fãs de comédias e dramas familiares ou somente fãs de super-heróis, entre os quais têm pontos fulcrais que captam a atenção de qualquer classe etária.

  • Encanto estreou nos cinemas a 25 de novembro de 2021.

Classificação: 7/10

Tiago Ferreira

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