Cinema: Crítica – “Da 5 Bloods: Irmãos de Armas”
Da 5 Bloods – Irmãos de Armas é mais um exemplo que a Netflix fica com os filmes menores do melhor de Hollywood.
Conseguir realizadores, com nomes associados a sucessos de bilheteira, não é sinónimo de ter bons filmes. É essencial um bom argumento! E os executivos da Netflix talvez ainda não tenham percebido isso. Recordemos que vimos 6 Underground de Michael Bay, Operação Fronteira de J.C. Chandor, Bright de David Ayer, Aniquilação de Alex Garland, The Laudromat de Steven Soderbergh, Emboscada Final de John Lee Hancock, O Rei e Máquina de Guerra ambos de David Michod. Todos filmes menores, que não mereciam o preço do bilhete para a sala de cinema, e antes de chegarem aos espectadores, via Netflix, já os principais executivos de Hollywood tinham concluído isso!
É certo que pelo também surgiram filmes como Roma, The Marriage Story, O Irlandês, Chamem-me Dolemite, Diamante Bruto, Às Cegas e Dois Papas. Filmes com interesse quer pelo argumento, realizador ou actores envolvidos e que mereciam o preço do bilhete de cinema. Contudo, os executivos dos principais estúdios de Hollywood escolheram não investir nestas produções. E o resultado é que foram poucos espectadores, que em todo mundo, tiveram a oportudidade de assistir a estes filmes no grande ecrã.
Agora, surge um filme de Spike Lee, um drama em ambiente de documentário a recordar a técnica mostrada recentemente em BlacKkKlansman: O Infiltrado.
O Tesouro de Sierra Madre, de 1948, serviu de inspiração para o argumento (uma ideia escrita por Danny Bilson e Paul De Meo, que entretanto foi revista e adaptada por Kevin Wilmott com Spike Lee). Da 5 Bloods – Irmãos de Armas podia ser a prequela no Vietname de Operação Fronteira. Felizmente a visão cinematográfica e social de Spike Lee acrescentou alguma qualidade.
A história resume-se a quatro amigos veteranos da guerra no Vietname (interpretados por Delroy Lindo, Clarque Peters, Norm Lewis e Isiah Whitlock Jr.) que regressam a Saigão para recuperarem os restos mortais do quinto Irmão (Chadwick Boseman) e uma fortuna em ouro que esconderam na selva.
O filme torna-se longo (2h34), as tentativas de transcender a história não passam disso mesmo, e os actores tentam fazer o que lhes compete num argumento que nunca se decide se é uma recordação dos dias de conflito ou homenagem ao Vietname e ao Irmão perdido na guerra ou um filme assalto. Delroy Lindo com uma interpretação bastante boa, a determinado momento o delírio da sua personagem resume-se a uma mera caricatura de Apocalypse Now.
As cenas de acção são robustas e bem conseguidas. Orecurso a diferentes formatos de imagem é uma escolha bastante acertada, assim fica vincada a actualidade na selva, as cenas em Saigão ou as recordações dos tempos do conflito no Vietname. A cereja no topo da desgraça é o grito da actualidade, Black Lives Matter.
Resultado final: não passa de um filme mediano.
Uma vez que este filme chegou a ter Oliver Stone associado ao projecto, o ideal será recuperar os seus filmes sobre o Vietname (Platoon – Os Bravos do Pelotão, Nascido a 4 de Julho ou Quando o Céu e a Terra Mudaram de Lugar). Para quem quiser dedicar 3h a rever o melhor do cinema sobre o Vietname é preferível procurar por Apocalypse Now!
Classificação crítica: 5/10
Da 5 Bloods – Irmãos de Armas está disponível na plataforma Netflix desde 12 de Junho.
Integra a lista de filmes seleccionados para Cannes Film Festival 2020.
Qual o futuro do DCU?
Começou a caminhar nos alicerces de uma sala de cinema, cresceu entre cartazes de filmes e película. E o trabalho no meio audiovisual aconteceu naturalmente, estando presente desde a pré-produção até à exibição.