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Cinema: Crítica – Chien 51

Em Chien 51, Cédric Jiménez realiza mais um filme focado nas forças policiais, desta vez num contexto mais futurista, protagonizado por Adèle Exarchopoulos e Gilles Lellouche.

Cédric Jiménez não é estranho na inserção das forças policiais nos seus filmes – em 2020, com BAC Nord, inspirou-se no escândalo de 2012 de um grupo de polícias de Marselha, acusados de tráfico de droga e crime organizado, e em 2022, Novembre seguiu um grupo de polícias nos cinco dias após os ataques de 13 de Novembro. Desta vez, com Chien 51, Jiménez adapta de forma livre o romance homónimo de Laurent Gaudé.

Num futuro mais próximo do que acreditamos, seguimos o caso do homicídio do criador do sistema de inteligência artificial que a polícia utiliza nas suas investigações, e até previsões de crime. No caso estão os investigadores Salia (Adèle Exarchopoulos) e Zem (Gilles Lellouche), que descobrem que nem tudo é o que aparenta e que talvez haja motivo de desconfiar em tudo que lhes rodeia.

De forma muito imediata, Chein 51 estabelece-se não só na sua posição temporal – com toda a tecnologia do mundo disponível, como também uma cidade dividida, ao bom estilo d’Os Jogos da Fome – como também, em parte, no ritmo que definirá a restante obra, numa mistura do tradicional procedural, com momentos de acção algo intensas, jogando principalmente no seguro, por mais que se aproxime da linha que lhe tornaria mais ousado se desse mais um passo em frente.

Jiménez oferece-nos aqui a possibilidade de espreitar o que poderá ser o nosso futuro, e o potencial impacto dele nas nossas vidas, a começar por um país já ele multi-cultural e com uma tendência de demonstrar de forma muito física o seu descontentamento com o seu governo e os respectivos governantes; e frequentemente convence-nos o quão plausível esta realidade poderá vir a ser, não fosse por várias das personagens, sobretudo as de mais alto cargo, perdessem todo o seu pensamento crítico e autónomo, e se fiassem nas máquinas, sobretudo numa capital como Paris.

Por outro lado, Exarchopoulos e Lellouche fazem uma dupla interessante, com ambos a terem algo para provar neste mundo, e com o talento policial para o fazer, num caso de extrema importância resolver, considerando as consequências de terem um caso do género não resolvido. É uma química por vezes estranha, menos pela diferença de idades e mais pelas motivações individuais de cada um, o que lhes dá alguma margem para momentos aprofundados sobre o seu historial e como encaram a vida diária neste inferno futurista.

Assim, Chien 51 é um filme que conclui uma espécie de trilogia policial por Cédric Jimenez, com um filme que entretém perfeitamente aqueles que buscam uma dose rápida de acção e mistério qb, sem grandes profundezas para além do absolutamente necessário e expectável. Por consequência, acaba por ser menos interessante que as suas duas obras anteriores, quiçá pelo desapego do conceito da sua realidade futura.

Nota Final: 7/10

Ricardo Du Toit

Fã irrepreensível de cinema de todos os géneros, mas sobretudo terror. Também adora queimar borracha em jogos de carros.

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