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Cinema: Crítica – Candyman (2021)

Foi em 1992 que o britânico Bernard Rose estreou o Candyman original, em Portugal conhecido por O Assassino em Série, baseado na obra de Clive Barker. O filme,na altura, ficou marcado não apenas pelo seu mito urbano, mas pela sua abordagem perante o chamado cinema negro da sua era, onde a representatividade era menor, e que aqui surgiu uma oportunidade de dar um passo em frente. Quase trinta anos depois, eis que Jordan Peele junta-se a um dos novos grandes talentos do cinema, Nia DaCosta, para trazer Candyman, uma sequela espiritual.

Anthony McCoy (Yahya Abdul-Mateen II) é um pintor que vive num bairro gentrificado em Chicago, com a sua namorada, Brianna (Teyonah Parris). Após ouvir a história de Cabrini-Green, este decide inspirar-se no mito urbano de Candyman para pintar as suas novas obras, mas o que não sabia era que estava prestes a ser o catalisador para o regresso sobrenatural da figura em si.

De repente, parece que nos encontramos de novo no terror do final dos anos 80, inicio dos anos 90, onde o género passava novamente por uma fase de experimentação e a sua essência era inspirada por eventos ou figuras da vida real a um nível local. Naturalmente, sendo uma era pré-Internet, o mito era espalhado de boca em boca, alterando a sua perspectiva a cada novo conto. Hoje, parece ser mais fácil imaginar um mito urbano, bastando passar algumas horas nas partes mais estranhas da Internet.

É na sua consciencialização da actualidade que Nia DaCosta traz ao de cima a sua versão de Candyman, uma que é inicialmente liderada pelo terror do sobrenatural e que rapidamente se transforma, diante dos nossos olhos, na personificação do terror da vida real, onde a figura vai muito mais além que um ser imaginário. Mas não é só na sua mensagem que o filme impera.

Existem diversos momentos de interesse cinematográfico, desde da simplicidade do gore, às influências visuais e de realização de Christopher Nolan e Stanley Kubrick; passando por uma banda sonora que por vezes incomoda, como também algumas cenas mais violentas, que nos deixam com um frio na espinha. Todos este elementos, aliados a um argumento competente e à mensagem que passa, faz com que o rumo tomado possa aparentar uma necessidade de criar algo marcante, no meio da chamada cultura “woke”.

No entanto, e tal como aconteceu com Suspiria, o que acontece aqui é a renovação do legado de Candyman, que poderá não garantir uma sequela, mas de certo modo, garante uma renovação do seu status de culto, não apenas no cinema de terror, mas como uma reflexão da sociedade que fica gravada na sua data. Se daqui a mais trinta anos voltaremos a ver o homem dos doces, seria bom ser com um reflexo diferente que 2021. Apenas o tempo dirá.

Nota Final: 8/10

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