Branca de Neve: remake do filme português
Um dos filmes mais polémicos e controversos alguma vez produzidos em Portugal deu origem a Schneewittchen, a adaptação em língua inglesa de Branca de Neve, o provocatório filme de João César Monteiro.

Schneewittchen (“Branca de Neve“), de Stanley Schtinter, tem a sua estreia em Portugal na próxima quinta-feira, dia 20 de fevereiro às 19h, na Sala M. Félix Ribeiro da Cinemateca Portuguesa.
Recusando o convite do Príncipe (Toby Jones) para assistir ao apaixonado ato sexual entre a Rainha Má (Julie Christie) e o Caçador (Hanns Zischler), Branca de Neve (Stacy Martin) retruca: “Em vez de olhar, prefiro ouvir”.
O som substitui a visão no austero conto de fadas Schneewittchen, de Stanley Schtinter, um remake em inglês de Branca de Neve (2000), de João César Monteiro.
Tal como na obra do realizador português, a tela permanece quase sempre negra, interrompida apenas por vozes e breves imagens de nuvens. Schtinter aprofunda a proposta radical de João César Monteiro, deslocando o foco do visual para o sonoro e transformando o conto dos irmãos Grimm numa anti-fábula contemporânea.

O filme, que teve a sua estreia mundial este ano no Festival Internacional de Cinema de Roterdão, foi já agraciado por críticos de todo o mundo.
Uma parábola para nossos tempos pós-verdade, o filme de Schtinter provoca reflexão sobre a ontologia de um conto enquanto viaja por idiomas, mídias, geografias e eras. Se a peça de Walser quebra a confiança fundamental do leitor num mundo benevolente e justo, Schneewittchen viola o contrato implícito com o espectador do filme, oferecendo um filme esvaziado de movimento e imagens: uma obra onde o visual só pode aparecer como excesso.
– Srikanth Srinivasan
Na primeira exibição em Portugal, Schneewittchen será apresentado numa cópia 35 mm e, excecionalmente, sem legendas em português, por opção do realizador. Stanley Schtinter estará presente na sessão, para conversar com os espectadores no final da projeção.
Começou a caminhar nos alicerces de uma sala de cinema, cresceu entre cartazes de filmes e película. E o trabalho no meio audiovisual aconteceu naturalmente, estando presente desde a pré-produção até à exibição.