Análise anime: “High-Rise Invasion” a nova aposta em battle royale da Netflix
“High-Rise Invasion” (Tenkuu Shinpan), uma adaptação da manga escrita por Tsuina Miura (“Ajin”) e ilustrada por Takahiro Oba (“Box!” e “Stand by me”), estreou no passado dia 25 de fevereiro e é a mais recente aposta da Netflix na animação japonesa.
O enredo deste original da Netflix passa-se num mundo diferente do nosso, em que o cenário é preenchido por um sem número de arranha-céus ligados entre si por pontes suspensas, e onde o acesso às ruas está impossibilitado. Yuri Honjō, a nossa protagonista e estudante do ensino secundário, é transportada para o topo de um destes arranha-céus e rapidamente se depara com um cenário dilacerante. Num dos prédios adjacentes, uma figura mascarada, empunhando um taco de basebol, ataca uma vítima indefesa.
Este acaba por forçá-la a lançar-se de cima do telhado e para a sua morte, em vez de sucumbir às mãos deste assassino cruel. Yuri é assim confrontada com a realidade em que se encontra e toma a decisão de sobreviver a este pérfido jogo, enquanto tenta se reunir com o irmão mais velho, que foi também transportado para este mundo, e com o qual vai comunicando por telemóvel à medida que encontra novos aliados e mais assassinos mascarados.
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E assim nos é apresentada a trama deste anime, categorizado como sendo de ação e survival horror, num esquema similar a tantos outros battle royale como “Btooom!”, “Darwin’s Game“ e “Future Diary“ (Mirai Nikki). Mas, contrariamente a estes, “High-rise Invasion” peca pelo seu início lento a definir todas as regras e nuances deste jogo mortal, e só com o avançar dos episódios é que vão sendo apresentadas todas as dinâmicas no enredo, o que faz com que surjam algumas incoerências pelo caminho. De qualquer das formas, a história, mesmo que parecida a tantos outros títulos do mesmo género, é interessante e entretém. A juntar a isto temos a presença de duas heroínas como personagens principais, o que é uma lufada de ar fresco num género habitualmente protagonizado por personagens masculino, delegando os elementos femininos a papéis secundários ou de suporte e de maior fragilidade. Infelizmente, rapidamente percebemos que daí para a frente praticamente todas as personagens femininas que nos aparecem à frente acabam por ser usadas para fan service do espectador só porque sim, com recorrentes shots de roupa interior e sugestão de nudez, muitas das vezes no meio da própria ação.
Poucas são as personagens que possuem algum desenvolvimento, muito pelo próprio carácter do género survival, em que somos apresentados a novos jogadores e mascarados que rapidamente são eliminados, restando só aqueles que são relevantes para o enredo. Apesar disso, e sem entrar em muitos detalhes e acabar por dar spoilers, existe uma personagem que salta à vista e que acaba por roubar um pouco o protagonismo das restantes, essa personagem é Sniper Mask, um dos antagonistas iniciais, e cujo desenvolvimento acabamos por acompanhar de perto, tornando-se um elemento importante para o desenrolar da trama.
Em termos de qualidade da animação esta é adequada, não se comparando a estúdios de animação de renome, pelo que em certas cenas vemos alguma perda de qualidade, mas em nada significativa. O mesmo se passa com a banda sonora que não é memorável.
De qualquer das formas, vemos que a Netflix tem vindo a fazer um esforço nos últimos anos para melhorar a qualidade dos seus conteúdos originais. É assim de louvar o seu trabalho na adaptação de títulos como este, permitindo o acesso ao público de novos animes que de outra forma não teríamos acesso, pelo menos de forma legal, uma vez que em Portugal, e sem recorrer a VPNs, tirando a Netflix só temos a Crunchyroll para nos saciar a sede de animes recentes.
Na minha opinião recebe um 6 em 10, ficando ainda assim a aguardar pela segunda temporada para poder avaliar a narrativa como um todo.
A RTP2 entretanto começou a transmitir High School of the Dead. Será que é o princípio de uma nova onda de lançamentos de Anime por parte da televisão pública?
High School of the Dead na RTP 2 (reacção)
Desde criança que nutre um carinho pelo audiovisual, ao ficar a ver as séries e filmes estrangeiros com os adultos, mesmo depois das horas de deitar. Mais tarde, como jovem, descobriu um gosto especial pela cultura japonesa, indo de anime a Nintendo.