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Análise: Como “Lupin” rouba os nossos corações (Netflix)

O novo ano iniciou-se com uma fornada de séries novas na Netflix para grande delícia dos espectadores, uma das mais promissoras parece ser “Lupin”.

Lupin Netflix

Esta nova versão, baseada no clássico de Maurice Leblanc, traz-nos um Arsène Lupin contemporâneo e num ambiente mais próximo da nossa realidade. Neste novo take do clássico da literatura francesa, vemos ser contada a história de Assane Diop, filho de um imigrante Senegalês, que após se mudar para França com o pai, na esperança de uma vida melhor, vê-o ser acusado de roubar um precioso colar pertencente à família para quem trabalhava. Ainda na prisão, o pai acaba por se suicidar, em circunstâncias algo suspeitas, como havemos mais tarde de descobrir, deixando assim o filho sozinho e sem qualquer modo de subsistência. Anos mais tarde vemos um Assane já adulto e em plena coexistência com o seu alter ego Arsène Lupin, cujo modo de vida emula, indo buscar inspiração a uma das únicas lembranças deixada pelo pai, um livro de Maurice Leblanc com os primeiros contos da personagem homónima.

Lupin Netflix

A personagem interpretada por Omar Sy, actor já conhecido do público por entrar em filmes como “Intouchables” e “Jurassic World”, vai buscar muita da sua inspiração ao próprio actor, dir-se-ia mesmo que este jovem Lupin é mais Omar que Arsène. Deixamos então de ter a caricatura habitual da personagem com o seu fato, cartola e monóculo e passamos para alguém mais moderno envergando um sobretudo e boina, sempre com o estilo característico da personagem clássica e la classe que Omar Sy nos tem vindo a habituar. É notória a simplicidade com que a personagem é protagonizada por Omar, que com charme e simpatia consegue os seus objetivos com destreza, recorrendo a variadas técnicas de manipulação e subterfúgio, muito ao contrário de blockbusters como James Bond, Jason Bourne e Ethan Hunt de “Mission Impossible”, onde vemos protagonistas atléticos em pura forma física a resolver muitos dos seus conflitos á base de tiroteios e explosões. A uma nova interpretação da personagem temos também um mudar de contexto histórico, o despoletar da acção da série surge com o propósito de desvendar a morte suspeita do pai e acaba na vingança da sua honra. Vemos aqui que esta nova abordagem dos contos se foca mais na personagem de Assane, nas suas acções e decisões, nas consequências que isso trás para as relações com os outros intervenientes, o papel fundamental que o pai teve e ainda tem na sua vida e, em consequência disso, a influência que trás na vida do seu próprio filho.

Nesta série temos um juntar de vários temas que nem sempre presenciamos em séries do mesmo género, o papel importante da paternidade no desenvolvimento de carácter, e questões como a segregação social/marginalização e o abuso de poder aplicado a minorias. É assim uma experiência que facilmente agrada a todos os elementos da família, com uma história simples, mas cativante, cheia de momentos de acção e mistério, e sempre com alguma comédia à mistura que nos faz querer ver o episódio seguinte. E com a recente confirmação de que a parte 2 da primeira temporada vai ser lançada já no verão de 2021, ainda vão a tempo de ver os cinco primeiros episódios até lá.

Na minha opinião leva uma nota de 9 em 10.

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