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Análise BD: Sol, de Diogo Carvalho

Mas que bela surpresa esta BD de um autor português que já nos deu boas obras, e traz agora uma história com um argumento delicioso e um desenho espetacular.

Tenho que confessar que mal vi a capa deste livro, chamou-me logo a atenção pois está sublime.

Sol

Visualmente vejo logo um conceito ao estilo dos filmes Mad Max ou Blade Runner que eu gosto muito.  Quando o folheei e me deparei com o belo desenho e planificação das vinhetas, apenas desejei que o livro fosse em formato maior, talvez ao estilo franco-belga para poder usufruir mais do talento do Diogo Carvalho. Não sei também se foi a minha presbiopia a falar, mas achei a legendagem de difícil leitura pois as letras são demasiadas pequenas. As paginas duplas recorrentes foram por isso muito bem-vindas pois aumentava o espaço e o acentuava o decor.

O argumento traz-nos uma personagem feminina chamada Sol num ambiente futurista e pós-apocaliptico. Esta chega numa moto cheia de estilo que me fez lembrar a do “Batman the Dark Knight”, a East of Eden cidade de um planeta distante. Aqui a xerife Nia da cidade não vê a chegada desta com bons olhos, que me fez lembrar o meu querido filme “Rambo First Blood” onde o forasteiro não é bem-vindo. (estão a apontar as referencias? Ehehe).

Ora nisto prende-se a razão que Sol precisa encontrar um recurso medicinal deste planeta, nomeadamente uma planta. O objectivo é ajudar a sua mãe que padece de uma doença quase incurável. Como não podia deixar de ser, os humanos após darem cabo do planeta deles gostam de arruinar os planetas dos outros para seu beneficio roubando tudo o que estes têm de melhor sem querer saber de quem lá habita, explorando todos os recursos que lhes sejam uteis.

E depois claro, a estratificação social é já um clássico, os mais fortes e ricos tem acesso a tudo e os mais desfavorecidos lutam pela sua sobrevivência. (Elisium, Mad Max, Escória, Equilibrium…). O planeta Ithaca (referencia à ilha mitológica de onde provem o herói grego Ulisses) é assim a base principal das classes privilegiadas e onde estão os poderosos sendo o planeta central.

Sol, de Diogo Carvalho

Como já disse, Sol procura algo muito importante para ela noutro planeta que não é o seu e isso vai levar ás interações frenéticas e cheias de ação, onde vilões e aliados se misturam para dar todo o sal e pimenta que esta bd necessita. A chegada inicial ao saloon local faz tal e qual como nos bons velhos westerns onde já se prevê uma boa dose de pancadaria ou tiroteio.

O forasteiro que vem pedir indicações, leva com umas agressões em cima só para perceber que nem sequer devia lá estar. Gostei muito do capacete holográfico da protagonista que me lembro de ter visto algo semelhante há muitos anos na série da minha infância “Captain Power and the soldiers of the future”. Adoro estes pormenores de tecnologia fictícia e futurista que dão asas à imaginação.

O desenho vertiginoso e dinâmico do Diogo assenta que nem uma luva na quantidade de ação e aventura que o argumento audaz nos traz. Temos direito a um prato cheio, para quem gosta deste tipo de obras, que apesar de variadas referencias e situações que já podemos ter visto noutro lado, consegue nos entreter e manter interessados com uma curiosidade aguçada para ver o que cada página nos traz.

Sol, de Diogo Carvalho

Os conceitos e homenagens são excelentemente bem enquadrados e executados (é impossível não ver componentes de Star Wars ou mesmo saga nesta BD) sendo o resultado muito bom com uma construção de um mundo muito bem conseguido e elaborado com cuidado. Temos desenhos com diferentes pontos de vista dos personagens, cenários originais, detalhes muito interessantes na forma de desenhar para diferenciar certas cenas mais marcantes, e um ambiente futurista aprimorado.

O dinamismo das cenas de ação é o ponto alto sendo que as expressões dos personagens e as faces das mesmas em algumas vinhetas carecem de mais algum aprumo.

 As cores são um mimo, muito bem executadas com uma paleta variada que dão ao ambiente e cenografia da obra tudo o que esta pede.

 A edição é em capa dura baça, com boa impressão, e 8 paginas de extras. O livro só peca pelo formato pequeno como referi no inicio.

Muitos parabéns Diogo Carvalho que nos apresenta a sua melhor obra até ao momento, fiquei com curiosidade para perceber o que o autor irá fazer junto com Cullen Bunn e nós queremos mais.

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