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Análise BD: O NOME DA ROSA

Depois do livro, do filme, do jogo, da série de televisão e da peça de teatro, só faltava mesmo a BD! Estamos a falar de “O Nome da Rosa”, de Umberto Eco e Milo Manara.

Num lançamento da GRADIVA, a adaptação de Milo Manara do primeiro e mais conhecido romance do autor italiano chega agora ao mercado português. Na verdade, a BD não era totalmente desconhecida para Eco, que escreveu um ensaio sobre cultura de massas utilizando a figura do Super-Homem, e foi colaborador da revista de banda desenhada italiana LINUS.

Para além disso, era amigo de Hugo Pratt e nunca escondeu a sua admiração por Corto Maltese. Porém, Eco e Manara não eram amigos, apenas conhecidos. Manara conta que, a pedido da diretora da revista LINUS, ofereceu uma das suas tiras originais à filha de Umberto. Mais tarde, quando Pratt o apresentou pela primeira vez a Eco, este disse: “Ah! Manara! Foi você que ofereceu aquela tira à minha filha!” – Manara ficou completamente atrapalhado e percebeu que talvez a tira não fosse a mais apropriada para uma rapariga de 15 anos…

O Nome da Rosa

Nesta adaptação, Manara tentou ser o mais fiel possível à obra original, copiando inclusive os textos do livro para as vinhetas mas, como diz o autor, “(…) fui obrigado a fazer cortes dolorosos mas necessários, caso contrário o livro teria o triplo das páginas.” Como em qualquer adaptação de uma obra literária, pode-se sempre questionar as escolhas feitas, mas este livro consegue manter o interesse no enredo e, apesar dos seus 77 anos, Manara continua com uma arte sublime, criando imagens e ambientes típicos de um policial que se desenrola num mosteiro medieval.

Não deixam de ser curiosas as escolhas de Manara para duas das personagens principais. Na verdade, o realizador da adaptação cinematográfica de 1986, Jean-Jacques Annaud, considerava um perfeito disparate que um dos mais conhecidos “sex symbols” masculinos da altura, Sean Connery (James Bond), desempenhasse o papel de um frade celibatário virgem, que considerava as mulheres criaturas que Deus apenas criara para fazer os homens cair em tentação…

Manara, numa entrevista, afirmou que tinha procurado um ator com o carisma, presença e beleza de Connery, mas com uma fisionomia mais de acordo com a descrita por Eco e por isso escolheu Marlon Brando. Mas avisava que não era uma cópia, mas sim uma inspiração… 

Porém parece-me que Manara decidiu subir de nível de leitura, e William de Baskerville toma a figura de Marlon Brando (“O Último Tango em Paris”), e o Abade Abbone toma a figura de Geoffrey Rush (“Quills – As Penas do Desejo”). Ou seja, Manara a ser ele mesmo…

A história

foi originalmente publicada na revista LINUS, entre Janeiro e Abril de 2023, antes de ser lançada em livro em Maio. A sua continuação será também inicialmente publicada na LINUS e logo depois em livro, estando a edição do próximo volume prevista para um período que vai de Outubro a Dezembro. O presente volume divide a obra rigorosamente ao meio, e o autor teve uma demorada fase de recolha e estudo de documentação, a nível de cenários, roupas, ambientes e até iluminuras, para garantir um elevado rigor histórico.

A cor de todo o álbum é da sua filha Simona, numa paleta simples que espelha bem o ambiente de um mosteiro medieval durante o Inverno. Nas últimas páginas, podemos encontrar cinco páginas de esboços, e talvez nelas os cinéfilos identifiquem mais alguns atores.

Esta é uma história já conhecida dos leitores, mas que aqui ganha uma extraordinária dimensão, ao ser desenhada por um artista de reconhecida qualidade. Manara mantém o erotismo que o identifica, mas na verdade não se afasta daquilo que lemos no livro ou vimos no filme. O nível de interesse na leitura consegue manter-se constante e num bom ritmo. Esperemos que o segundo volume (que certamente a GRADIVA irá publicar) mantenha o elevado nível de qualidade.

Livro em capa dura com excelente encadernação, com páginas em papel brilhante de boa qualidade e com muito boa impressão. Preço um pouco elevado, atendendo que a obra é composta de dois volumes.

Tempo de leitura:

  • O Nome da Rosa – aproximadamente 45 minutos

Este livro é uma nova forma de descobrir uma obra que faz parte da literatura moderna. É surpreendente que “O Nome da Rosa” ainda consiga tomar outras formas. Recentemente foi anunciado que está a ser preparada uma ópera com base no livro, com estreia prevista no Scala de Milão a 27 de Abril de 2025.

O NOME DA ROSA – VOLUME 1

Umberto Eco, Milo Manara
Editora: GRADIVA
Livro em capa dura com 80 páginas a cores nas dimensões de 22 x 31 cm
PVP: 24,50 €

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