Análise BD: Lucky Luke – Um cowboy sob pressão
São já vários os álbuns editados na coleção Lucky Luke sob a alçada de Achdé e Jul, seguindo o legado de Morris. A Asa tem trazido até nós todos eles e este é o mais recente episódio das aventuras do meu cowboy predilecto.
Só posso elogiar Achdé pelo desenho rigoroso e fiel ao estilo e traço de Morris, pois é uma maravilha, sem sombra de dúvida está muito bem entregue. Os argumentos e histórias criadas por Jul, aparentemente terá algumas críticas, mas rivalizar com Goscinny ou o próprio Morris é uma tarefa Herculeana para não dizer extremamente difícil.
Eu sou um grande fã de Lucky Luke mas como a coleção é enorme, tenho em falta, alguns álbum que aos poucos vou colmatando, e os com esta dupla não tenho suficientes para poder criticar de forma fidedigna para realmente perceber se Jul dá conta do recado, embora perceba em conversas com outros leitores que falta qualquer coisa nas histórias. Eu percebo e entendo que assim seja, e posso dar exemplo que também na série de Astérix, o desenho é excelente mas a criatividade argumental também fica aquém das expectativas.
Nesta aventura, o desenho e as cores são maravilhoso e seria muito difícil até para um especialista perceber as diferenças entre Achdé e Morris. Isso é o esperado e a padronização de vinhetas, assim como a ação sequencial, é muito bem efectuada, com um bom ritmo e uma ligeira modernização conceptual nos cenários e ambientes que traz um ligeiro cunho pessoal ao desenho sem interferir no traço clássico pretendido.
Em relação à história, encontramos o nosso herói numa vila de origens germânicas, chamada Nova Munique. Para quem conhece o gosto pela cerveja dos alemães ou não houvesse lá a célebre “Oktoberfest” que tanto aprecio, apercebemo-nos que nesta vila o consumo de cerveja é acentuado. Tudo estaria bem e maravilhoso, senão houvesse uma greve geral por parte dos sindicalistas parando a produção do belo néctar a nível do país o que traz desde logo uma série de complicações para todos.
Ora isto leva Luke de Dakota a Milwaukee, onde fica a capital da cerveja, para tentar resolver o problema da falta de produção e entrega. Iniciam-se assim as peripécias do herói onde não faltam momentos divertidos, nem a presença dos irmãos Dalton a tentar atrapalhar aquilo que só mesmo Lucky Luke consegue resolver. A narrativa é bem conseguida, tendo espaço para o humor e ação típico destas aventuras, o ritmo é adequado e crítica social está claramente presente no seu conteúdo.
A nível histórico, podemos ter um vislumbre do que foi a imigração dos alemães para a América do Norte, assim como a associação cultural de tradições e costumes que se foram enraizando.
Resumidamente, este álbum tem tudo o que caracteriza uma boa aventura de Lucky Luke, com muito bom humor, e as personagens secundárias a aparecer muito bem na história sem roubar o protagonismo ao cowboy que tanto gostamos.
Qualquer livro de Lucky Luke é um comprimido de boa disposição e entretenimento divertido e este não é exceção, como se lê de rajada, dá vontade imediata de pegar em mais livros da colecção e ler ou reler mais aventuras deste que é um clássico personagem da BD Franco-Belga que tantos fãs tem por esse mundo fora – e continua a fazer porque é impossível não se adorar este fantástico herói do velho oeste.
Edição clássica e já regular por parte Asa, muito bem executada, prontinha a servir e entrar directo nas prateleiras dos consumidores.
Venha mais Lucky Luke, se faz favor…