Análise BD: Les 5 Terres T01
“As 5 Terras “ou no seu original Les 5 Terres da editora francesa Delcourt, é uma série de BD de fantasia medieval bem ao estilo da Guerra dos Tronos (George R.R.Martin) mas protagonizada por animais antropomórficos como por exemplo em Blacksad (Canales e Guarnido).
Esta mistura explosiva traz-nos uma história fantástica com um “worldbuilding” excepcional criado pelos argumentistas David Chauvel, Andoryss e 0z que aqui se unem e escrevem sob o pseudónimo Lewelyn. Os desenhos por sua vez ficam ao cargo de Jerôme Lereculey mas o projecto gráfico tem a ajuda de Didier Poli, e coloristas como Diane, Lucyd Fayolle e Dimitros Martino tal é a grandeza do mesmo.
Com efeito esta série tem previsto ter 5 ciclos de 6 volumes cada e ao dia de hoje já vai no décimo volume em França. Por esta razão, acho muito difícil alguma editora portuguesa se aventurar a apostar nisto, o que é uma pena.
Mas vamos então ao primeiro volume designado Angleon: Passa-se num mundo formado por cinco continentes, cada um habitado por uma família de animais. Temos os ursos e lobos, os herbívoros, os símios e os répteis. E no centro deste mundo encontramos Angleon, a ilha governada pelos felinos onde está a capital que domina o resto dos animais graças ao seu soberania dos oceanos.
O rei de Angleon, o tigre Cyrus, está no seu leito da morte. Surge o problema da sucessão pois este não tem filhos varão mas apenas filhas. O sucessor designado é o seu sobrinho Hirus, um tigre ambicioso e belicoso que não tem o apoio do conselho governante. Mas Mileria, filha mais velha de Cyrus, não se resigna e elabora um plano para chegar ao trono.
Seguem-se uma série de eventos, tramas e subtramas com uma intensidade dramática bem carregada de violência, política e disputas familiares com uma panóplia de personagens que vão aparecendo. De resto, facilmente nos apercebemos que haverá pontos de conexão com as diferentes tramas.
Neste volume, a acção desenrola-se mais com base nas intrigas palacianas e tem poucas cenas de luta, há no entanto uma muito boa com uma personagem que é um cão de caça (mais um piscar de olhos a Guerra dos Tronos) que nos deixa com água na boca para futuros duelos, conflitos ou mesmo batalhas vindouras.
Os desenhos são muito bonitos, detalhados e não há risco de confundir personagens da mesma espécie. Os cenários são magníficos. As cores são bem vivas e cativantes , é extremamente bem executado o trabalho de colorização.
Ficámos com a certeza que irão acontecer muitos desenvolvimentos com os personagens que aparecem e muitos mais que irão aparecer a um ritmo bem espaçado como se fosse uma série de TV.
O final, deixa-nos também com um brutal gancho que é impossível resistir ao que vem a seguir.
Uma galeria de extras aparece no final do livro da Delcourt que tem o formato clássico Franco-Belga em capa dura.